Viúva de músico sobre condenação de militares: “Paz para a alma”

Além do marido de Luciana dos Santos Nogueira, catador de recicláveis morreu baleado em ação do Exército, em 2019

Foto: Reprodução / TV Record

As viúvas do músico Evaldo Rosa e do catador de recicláveis Luciano Macedo consideraram ter sido feita justiça com a condenação de oito dos 12 militares do Exército envolvidos na ação que terminou com a morte dos dois, em 2019. O julgamento na sede da Justiça Militar na Ilha do Governador, na zona norte do Rio, terminou, depois de 15 horas, na madrugada desta quinta-feira.

A esposa do músico, Luciana dos Santos Nogueira, que chegou a passar mal durante a sessão, desabafou depois de dois anos e meio de espera pelo julgamento: “Dever cumprido de poder estar honrando a imagem do meu esposo, de poder chegar em casa e dar essa notícia para o meu filho, de como é satisfatório. O meu medo era o medo da injustiça, o medo de não ter uma justiça digna por estar sendo julgado por eles [militares]. Mas quero agradecer a cada um deles que estava ali e votou de forma humana. Eles não têm noção de como estão trazendo paz para minha alma. Sei que não vai trazer meu esposo de volta, mas também não seria justo sair daqui sem uma resposta positiva e deixar que a fala de alguns, que queriam bater na tese de que meu esposo não era uma pessoa do bem, querendo também incriminar o Luciano [catador], que foi um herói”, declarou.

Dayana Horrara, esposa de Luciano, também falou rapidamente com a imprensa: “Não vai trazer ele de volta, mas pelo menos a justiça foi feita”, disse.

O julgamento

A sentença saiu no início da madrugada desta quinta-feira, depois de mais de 15 horas de julgamento na sede da Justiça Militar, na Ilha do Governador, zona Norte do Rio. Por 3 votos a 2, oito dos 12 militares que participaram da ação foram considerados culpados por duplo homicídio e tentativa de homicídio.

A maior pena deve ser cumprida pelo tenente do Exército Ítalo Silva Nunes, que comandou a ação que teve mais de 257 tiros disparados contra o músico e o catador. Ele pegou 31 anos e seis meses de prisão. Outros sete militares também foram condenados e receberam a pena de 28 anos cada. O tribunal militar absolveu os outros quatro. Todos os condenados vão ser expulsos da corporação por culpabilidade comprovada.

Relembre o caso

O carro do músico Evaldo Rosa, que seguia para um chá de bebê na companhia da mulher, filho e sogro, recebeu mais de 60 disparos ao passar pela região de Guadalupe, na zona Norte do Rio, em abril de 2019. O catador de recicláveis Luciano Macedo, próximo ao local, tentou ajudar a família. Ele também acabou baleado e, apesar de socorrido, morreu no hospital.