Bolsonaro é “político medíocre” e sem noção de limites, diz Celso de Mello

Após discurso do presidente no 7 de setembro, ex-ministro do Supremo afirmou que Bolsonaro não está à altura do cargo

Após discurso do presidente no 7 de setembro, ex-ministro do Supremo afirmou que Bolsonaro não está à altura do cargo | Foto: NELSON JR./SCO/STF/CP

O ex-ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello chamou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “político medíocre e sem noção dos limites éticos e constitucionais”. Em dura mensagem ao mandatário, que discursou a apoiadores neste feriado de 7 de setembro ameaçando ministros do Supremo, Mello ainda afirmou que Bolsonaro não está — e jamais esteve — à altura do cargo de presidente da República.

“Os discursos de Bolsonaro, em Brasília e em São Paulo, revelam a triste figura (e a distorcida mente autocrática) de um político medíocre e sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro Chefe de Estado que seja capaz de respeitar o dogma fundamental da separação de poderes!”, criticou Mello, em nota.

“Na realidade, Bolsonaro é um político que não está, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce, pois lhe faltam estatura presidencial e senso de estadista!!!”, completou.

Mello prossegue e afirma que Bolsonaro degradou-se ainda mais em sua condição de presidente e que os discursos revelam que Bolsonaro não se ervergonha de “desrespeitar e vilipendiar o sentido essencial das instituições da República”.

O ex-ministro finaliza a nota afirmando que a reação aos discursos de Bolsonaro só podem ser uma: a insurgência de cidadãos, com a ajuda dos Poderes Legislativo e Judiciário, contra “excessos governamentais e o arbítrio dos governantes indignos”.

Leia a nota na íntegra abaixo

“Os discursos de Bolsonaro, em Brasília e em São Paulo, revelam a triste figura (e a distorcida mente autocrática) de um político medíocre e sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro Chefe de Estado que seja capaz de respeitar o dogma fundamental da separação de poderes! Na realidade, Bolsonaro é um político que não está, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce, pois lhe faltam estatura presidencial e senso de estadista!!! Com esses discursos ofensivos e transgressores da autonomia institucional do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, incompatíveis com os padrões mais elevados da Constituição democrática que nos rege, Bolsonaro degradou-se, ainda mais, em sua condição política de Presidente da República e despojou-se de toda respeitabilidade que imaginava possuir! Essa conduta de Bolsonaro revela a figura sombria de um governante que não se envergonha de desrespeitar e vilipendiar o sentido essencial das instituições da República! É preciso repelir, por isso mesmo, os ensaios autocráticos e os gestos e impulsos de subversão da institucionalidade praticados por aqueles que exercem o poder! Há que se ter sempre presente a grave advertência do saudoso e eminente Ministro Aliomar Baleeiro, do Supremo Tribunal Federal, em manifestação que recordava ao nosso País que, enquanto houver cidadãos dispostos a submeter-se e a curvar-se ao arbítrio e à prepotência do poder, sempre haverá vocação de ditadores… Daí a significativa e vital importância do Poder Judiciário cujos magistrados saberão agir com independência e liberdade decisória, dispensando tutela efetiva aos direitos básicos da cidadania! A resposta do povo brasileiro aos discursos deste Sete de Setembro de 2021, indignos da importância da data nacional que celebramos, só pode ser uma: as tentações autoritárias e as práticas governamentais abusivas que degradam e deslegitimam o sentido democrático das instituições e a sacralidade da Constituição traduzem justa razão para a cidadania, valendo-se dos meios legítimos proporcionados pela Constituição da República, insurgir-se, por intermédio dos Poderes Legislativo e Judiciário, contra os excessos governamentais e o arbítrio dos governantes indignos!

Celso de Mello”