Servidores da Carris aceitam acordo e manterão 65% da frota circulando em meio à greve

De acordo com a categoria, proposta dá segurança jurídica à mobilização

Paralisação acontecerá por tempo indeterminado, e busca evitar privatização da estatal. Foto: Alina Souza/Correio do Povo

O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) confirmou, nesta quinta-feira, que a proposta feita aos trabalhadores da Carris, para reduzir o impacto da greve que terá início amanhã, foi aceita. Os rodoviários se comprometeram a manter 65% da frota em circulação, desde que a prefeitura não busque nenhuma alternativa aos serviços.

Com isso, também está garantido o pagamento do dia de trabalho dos profissionais – algo bem diferente do que ocorreu após o protesto em frente à garagem da empresa. O acordo é válido apenas por um dia, ainda que os trabalhadores não tenham dado um prazo para que a greve, decretada em razão do projeto de privatização da estatal, chegue ao fim.

“Desde o início, a mediação estava sendo feita pelo Sindicato dos Rodoviários. Chegamos a um denominador comum, e levamos a proposta aos colaboradores. Eles aceitaram pois o sindicato se negou a dar apoio. Se contrariássemos, estaríamos ilegais e sem apoio”, afirma o representante dos funcionários da Carris, Marcelo Weber.

Ao todo, foram realizadas cinco reuniões entre Justiça, rodoviários e prefeitura.Duas delas aconteceram ontem, quando saíram os primeiros indicativos de que a paralisação não seria geral. Nos próximos dias, os servidores prometem tentar convencer a população de que há solução para os problemas da Carris.

“Acatamos os 65% pensando na população. Precisamos da opinião pública enquanto estivermos mobilizados. Para mudar esta situação perante a Câmara, no projeto que prevê uma carta branca para o Governo fazer o que quiser com a Carris, temos de ter a opinião pública ao nosso lado, dizendo o que é correto ou não”, conclui Weber.

Privatização

A venda da estatal ganhou força após o reajuste da tarifa na Capital. Na oportunidade, o conselho que regula o sistema indicou a necessidade de elevar a passagem para R$ 5,20 – valor que foi rejeitado. Desde então, o prefeito Sebastião Melo (MDB) reitera que o quilômetro rodado da Carris custa 21% mais do que nos consórcios privados.

Na semana passada, os servidores da empresa fizeram um protesto em frente à garagem e impediram a saída de dezenas de veículos. Eles questionaram a suposta falta de diálogo da prefeitura quanto ao projeto de privatização e, também, o projeto que prevê a extinção gradual da função dos cobradores.

A tendência é de que o projeto de Lei que autoriza a desestatização da companhia seja debatido na Câmara de Vereadores ainda neste mês. Segundo a administração municipal, a definição depende apenas das condições e dos votos necessários para a aprovação. A Carris atua há 149 anos em Porto Alegre.