Maximiano nega na CPI da Covid contato com Barros sobre emenda de importação da Covaxin

Dono da Precisa Medicamentos admitiu conhecer o líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados e ter interesse na emenda, mas negou influência

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado/ Divulgação / CP

Durante depoimento na CPI da Covid, o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, negou influência na aprovação de uma lei no Congresso para destravar a importação da vacina indiana Covaxin. O Parlamento aprovou a sugestão através de uma emenda apresentada pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), investigado pela CPI.

Maximiano admitiu conhecer Ricardo Barros e ter interesse na emenda, mas negou influência no processo legislativo. “Por óbvio, tornava a Covaxin elegível, mas não houve absolutamente nenhum contato com o deputado Ricardo Barros e tampouco com outro para fazer essa inclusão”, afirmou.

Barros assinou, em fevereiro, a emenda que viabilizou dar início ás negociações para a importação da Covaxin por meio da inclusão da Central Drugs Standard Control Organization (CDSCO), da Índia, na lista de agências reconhecidas pela Anvisa. A CDSCO deu aval à Covaxin. No Brasil, a Anvisa chegou a ceder uma autorização prévia para importar o imunizante, mas cancelou a licença em meio às suspeitas. Ao depor na CPI, o deputado negou que a emenda tenha relação com o caso.

O dono da Precisa ficou em silêncio na maioria das perguntas feitas pelo relator da investigação, Renan Calheiros (MDB-AL). Uma das perguntas não respondidas se referia ao padrão de vida em relação aos rendimentos que declara. Maximiano levou à Índia uma comitiva de empresários com os quais a rede de empresas dele firmou transações milionárias consideradas suspeitas. A CPI apura se alguma dessas movimentações financeiras serviram para lavagem de dinheiro.

Maximiano também negou relação entre a Precisa e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar, porém, levou Maximiano para uma reunião com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, em 13 de outubro. Flávio Bolsonaro negou que o encontro tenha relação com a Covaxin, versão repetida pelo empresário durante o depoimento.