CPI da Covid: reverendo chora, admite culpa e pede desculpas ao Brasil

Pressionado até pelos senadores governistas, Amilton Gomes de Paula se emocionou e disse que queria apenas "vacina para o Brasil"

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) e citado como um intermediador entre o governo federal e empresas que ofereceram vacinas sem comprovar a entrega dos imunizantes, chorou, na tarde desta terça-feira, em depoimento à CPI da Covid.

Pressionado pela cúpula da comissão, ele acabou desabafando logo após ser duramente questionado pelo senador governista Marcos Rogério (DEM-RO). “O maior erro que eu fiz foi abrir a porta da minha casa em Brasília. Eu abri a porta da minha casa num momento em que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil”, afirmou. “Eu tenho culpa, sim. Eu peço desculpa ao Brasil.”

Sem explicar exatamente o erro, Gomes de Paula afirmou que o que havia feito “não agradou, primeiramente, aos olhos de Deus”.

Simpatizante do governo

Na primeira parte do depoimento, o reverendo negou ter proximidade com qualquer pessoa do Palácio do Planalto. Mas disse que era simpatizante do governo, admitindo ter participado da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência. No entanto, os membros da CPI questionaram a facilidade com que ele chegou ao Ministério da Saúde para tratar sobre a venda de vacinas.

Gomes de Paula relatou três reuniões no ministério: em 22 de fevereiro, 2 de março e 12 de março. Na última, o ex-secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, o recebeu. O reverendo justificou que a intenção era facilitar a compra de vacinas com o Ministério da Saúde era para fornecer vacinas para o Brasil, o que chama de “iniciativa humanitária”.

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