Reverendo admite ter esperado doação de vacinas para facilitar negociação sobre a Covaxin

Davati tentou vender vacinas ao governo sem comprovar a capacidade de entregar as doses

Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado

O reverendo Amilton Gomes de Paula admitiu, hoje, ao depor à CPI da Covid, que havia uma expectativa de a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah) receber uma doação ao intermediar o acesso da empresa Davati ao Ministério da Saúde. A Davati tentou vender a vacina indiana Covaxin ao governo, representando a fabricante Bharat Biontech, mas sem comprovar a capacidade de entregar as doses.

O reverendo declarou que acionou o ministério apenas de forma formal, por meio de e-mails institucionais, e negou ter alguma relação dentro do governo que tenha facilitado os contatos dele na negociação. O pastor alegou ainda que não recebeu aval de nenhuma autoridade pública para a intermediação.

Ao ser questionado pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES), ele afirmou não ter feito nenhum acordo com a Davati, mas admitiu conversas sobre uma doação para a ONG que representa. “Não foi estabelecido nenhum valor. Desde o início, falava-se sobre doação”, declarou.

De acordo com o reverendo, a atuação dele era apenas “humanitária”. Ele negou conhecer pessoas no governo ou pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro. “O nosso interesse era extremamente humanitário”, completou. O reverendo disse ainda que “doação não é ilegal, não caracteriza vantagem.”

Filiação

O reverendo confirmou ainda ter sido filiado ao Partido Social Liberal (PSL) e participado da campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República.

O reverendo não informou, contudo, o período em que se manteve ligado ao partido.

*Com informações da Agência Estado