Presidente da Precisa envia vídeo à CPI para rebater irmãos Miranda

Francisco Maximiano chama denúncias de "ficção" e mostra cinco motivos para comprovar que a dupla "mentiu" aos senadores

Foto: Pedro França / Agência Senado

O presidente da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, enviou um vídeo à CPI da Covid para rebater as denúncias contra a empresa, feitas pelos irmãos Miranda. “Escolham a palavra: mentira, ficção, invenção, devaneio desses senhores que vieram depor à CPI”, declarou, sobre a dupla que denunciou irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin contra a Covid-19.

Na semana retrasada, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda confirmaram as denúncias em depoimento à CPI, citando a Precisa como uma das empresas envolvidas no suposto esquema irregular.

Entre outros arquivos, o servidor mostrou a Invoice (nota fiscal internacional) da compra, que levantou suspeita por prever pagamento adiantado do ministério no valor de 4,5 milhões de dólares por 300 mil doses do imunizante que ainda não havia sido aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Além disso, o técnico avaliou que a empresa Madison Biotech, mencionada na nota fiscal como vendedora das doses, não era correspondente com as empresas que o governo federal vinha negociando: Bharat Biotech e Precisa Medicamentos. O servidor Ricardo Miranda também afirmou ter sido pressionado de forma anormal para aprovar a compra.

Ainda de acordo com a versão dos irmãos, foi neste momento que eles se reuniram pessoalmente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no dia 20 de março, para relatar suspeitas de superfaturamento e corrupção na compra. Só então que as notas fiscais do contrato foram sido corrigidas, conforme o relato. Bolsonaro nega.

Já Maximiano sustenta que sua empresa enviou os primeiros documentos no dia 18 de março, sem a nota fiscal que gerou suspeita. Essa Invoice foi enviada somente no dia 22, conforme a manifestação do empresário, em vídeo.

“É uma contradição central dos irmãos Miranda: quando vão ao presidente da República, no dia 20, não havia nem o arquivo, muito menos a suspeita ou o problema com o Proforma Invoice [nota fiscal internacional]”, expõe.

Ele cita outros três pontos para defender que os irmãos tenham mentido à CPI, todos relacionados às notas fiscais da compra. Os dois primeiros dizem que a correção da Invoice só foi apresentada ao Ministério da Saúde no dia 23 de março, depois de corrigida pela Precisa e antes do pedido da pasta.

Por último, o empresário salienta que os prints de conversas por Whatsapp mostradas à CPI pelos irmãos sobre a nota fiscal suspeita são de 22 de março. “Portanto, além da perícia, as mensagens dos irmãos deixaram claro e comprovado: não houve discussão de invoice com o presidente da República”, defende Maximiano.

Depois de ter a participação adiada, o empresário segue sem data para depor à CPI. Ele foi ofuscado pelo surgimento de outro escândalo envolvendo compra de vacinas pelo Ministério da Saúde, depois que o representante de uma farmacêutica afirmou ter sido pressionado para trabalhar com propinas no contrato de doses da AstraZeneca/Oxford.