Witzel chama Flávio Bolsonaro de “mimado” em discussão na CPI da Covid-19

Ex-governador do Rio de Janeiro também citou controvérsia com ex-ministro Moro, que segundo Witzel agia como 'menino de recado'

Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado / Divulgação / CP

O ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel discutiu nesta quarta-feira, na CPI da Covid, com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o chamou de “mimado”. O filho do presidente da República também se tornou alvo do relator da comissão. “Seu pai parece que não lhe deu educação”, afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

O embate começou após o ex-governador declarar de forma reiterada que havia perdido o cargo por perseguição política. Ele havia sido questionado por Flávio Bolsonaro, que apontou decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a interrupção do processo de impeachment de Witzel.

Flávio interveio ainda na vez de Renan Calheiros questionar Witzel, provocando a reação do relator. Flávio Bolsonaro rebateu, dizendo que a educação que recebeu era diferente da de Renan, “graças a Deus”.

Em seguida, o ex-governador afirmou que não tinha problema em participar de uma sessão com Flávio Bolsonaro e que não tinha nenhuma questão pessoal, mas sim objetivo “institucional em defesa da democracia”. Ao ouvir o senador ironizar a fala, afirmando “que lindo discurso”, Witzel rebateu. “Se o senhor fosse um pouquinho mais educado e menos mimado, o senhor teria respeito pelo que eu vou falar”, disse.

Moro
O ex-governador também criticou o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Ele afirmou que começou a ser boicotado por ministros do governo federal em razão de críticas que fazia à administração. Relatou, por exemplo, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, evitou conversar com ele em um encontro em um avião.

Outra crítica de Witzel se deu em relação a Moro. Ele contou que o então ministro evitou registrar um encontro com imagens e na agenda e ainda requisitou o retorno de cinco delegados federais que haviam sido cedidos ao governo do Rio de Janeiro. Um desses agentes, segundo Witzel, vinha auxiliando a investigar crimes de gestões anteriores.

Witzel disse que expressou a Moro que aquele era um caminho “equivocado”. “Se você quer ser ministro do Supremo, deve convencer os senadores que você é capaz de ser um juiz imparcial. Essa coisa de menino de recado não é algo que se espera de você, que como eu, é magistrado com 20 anos de carreira”, disse, citando trechos da conversa.

Depoimento
No início do depoimento, Witzel disse que os governadores ficaram “desemparados” pelo governo federal e à “mercê da desgraça” no combate à pandemia de Covid-19. Ele afirmou ainda que o governo criou uma narrativa para deixar os governadores fragilizados em razão das medidas de isolamento social que foram tomadas, a fim de serem considerados culpados pelas perdas que ocorreriam na economia.