Análise feita pela Fiocruz em oito estados das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do País constatou a prevalência das variantes mais preocupantes do coronavírus Sars-CoV-2 em pelo menos seis deles. O dado, obtido a partir de uma nova ferramenta de análise genética, indica que há uma dispersão geográfica dessas variantes nos estados, assim como uma alta prevalência em todas as regiões. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo com nota divulgada no início da noite desta quinta pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz, foram avaliadas mil amostras dos estados de Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A ferramenta usada é capaz de detectar a mutação no vírus que é comum nas três variantes que mais vêm preocupando o mundo atualmente – a P.1, identificada inicialmente no Amazonas, a B.1.1.7, originada no Reino Unido, e a B.1.351, na África do Sul.
A análise não mostra exatamente qual variante predomina em cada região, mas a ocorrência da mutação – o que já serve como indicativo de que o vírus circulante mudou. As três são chamadas de “variantes de preocupação” ou VOCs, na sigla em inglês, por serem associadas a uma maior transmissibilidade. Também há indícios de que elas são capazes de escapar de anticorpos gerados em infecções anteriores, possibilitando a reinfecção.
Somente nas amostras de Minas Gerais e Alagoas a presença da mutação ocorreu em menos da metade das amostras – respectivamente 30,3% e 42,6%. Os estados em que elas mais aparecem foram, nesta ordem, Ceará (71,9%), Paraná (70,4%), SC (63,7%), RJ (62,7%), RS (62,5%) e PE (50,8%).
O novo protocolo de RT-PCR já havia sido testado em janeiro, em 500 amostras do Amazonas, onde a taxa de prevalência da variante chegou a 71%.
“A alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-Cov-2 tem levado ao surgimento de variantes de preocupação, que podem ser potencialmente mais transmissíveis em todo o mundo. Foi este o cenário que favoreceu o surgimento da variante brasileira P.1, no Amazonas, já classificada como uma ‘variante de preocupação’”, detalha a nota técnica da Fiocruz.
Apesar de o teste ser capaz de detectar uma mutação comum a três variantes de preocupação, a Fiocruz sustenta que há outros indícios de que “prevalência que está sendo observada nos estados esteja associada à P.1, uma vez que as outras duas variantes não têm sido detectadas de forma expressiva no território brasileiro”.
Recomendações
Diante deste quadro, o observatório reforça a necessidade de serem adotadas as medidas recomendadas no início da semana pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), como a adoção imediata de lockdowns nos estados em que a ocupação dos leitos de Covid-19 tenha alcançado mais de 85%, além da aceleração da oferta de vacinas.