O governador Eduardo Leite (PSDB) anuncia, na tarde desta segunda-feira (22), a posição do Rio Grande do Sul frente ao modelo de cogestão, que permite aos prefeitos gaúchos adotarem medidas mais brandas de combate à Covid-19 do que as previstas pelo Estado. No período da manhã, o político se reuniu, virtualmente, com representantes da Federação das Associações de Municípios (Famurs) e entidades regionais para discutir o tema.
Praticamente todos os prefeitos que se manifestaram no encontro disseram ser favoráveis à manutenção da cogestão – que, na prática, vai permitir que as regiões em bandeira preta permaneçam sob os protocolos do nível vermelho de Distanciamento Controlado. Um deles foi o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que foi enfático ao atribuir o agravamento da pandemia às aglomerações irregulares, em momentos de lazer.
“Esse é um momento muito delicado, que requer muita responsabilidade e muito equilíbrio. Não pode pagar a conta quem trabalha, quem tem emprego e quem já está fechando, por todo o Rio Grande do Sul, e não volta mais. Perdemos milhares de CNPJs”, declarou Melo. A fala foi endossada pelos representantes de Portão, Kiko Hoff (PDT); Nova Santa Rita, Rodrigo Battistella (PT), dentre outros.
Após a fala dos gestores municipais, Leite indicou que vai acatar os pedidos e manter a cogestão. Na oportunidade, o governador fez um apelo aos colegas. “Que se exerça com muito rigor a fiscalização. É um trabalho que precisa ter caráter pedagógico. Não é só fazer a fiscalização, mas dar visibilidade, fechando estabelecimentos que não estão cumprindo as medidas, mostrando que há atuação do Poder Público”, pediu o tucano.
Colapso do sistema pode acontecer nos próximos dias
Eduardo Leite também apresentou novos dados referentes ao avanço da Covid-19 no Rio Grande do Sul. Segundo o governador, a capacidade de atendimento nas UTIs está à beira do colapso, e pode se esgotar em apenas três dias para a macrorregião dos Vales. No Centro-Oeste do Estado, o prazo é de cinco dias. Já na Região Metropolitana e na Serra, o esgotamento levará uma semana com base no ritmo atual.
“Neste momento, nada é 100% seguro. Nem eu estar aqui, com os meus secretários, mesmo com distanciamento. A gente reduz contatos, reduz riscos, mas não há nada que garanta a total segurança. Nem mesmo a máscara e o álcool em gel utilizados abundantemente. Sempre há algum nível de risco, e pelo nível crítico que vem pela frente, acoplar mais restrições ajudaria a ter mais segurança”, ponderou o governador.
Antes da reunião, o presidente da Famurs e prefeito de Taquari, Maneco Hassen (PT), disse ser favorável à interrupção da cogestão, por tempo indeterminado, na tentativa de frear o avanço da doença. O posicionamento do representante vai de encontro com a recomendação do Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à Pandemia – que, em nota técnica, defendeu o fim do modelo “com base nos indicadores epidemiológicos”.