Comemorado pelo ex-prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) às vésperas do fim da gestão, o saldo positivo das contas de Porto Alegre é questionado pelo recém empossado Sebastião Melo (MDB). Na semana passada, o tucano chegou a afirmar que o emedebista teria ‘mais facilidade para governar’ já que assumiria o Paço Municipal com, pelo menos, R$ 201 milhões em caixa.
Em entrevista ao programa Bom Dia, da Rádio Guaíba, Melo acusou o seu antecessor de manipular os números. “Aquele superávit anunciado não é verdadeiro. Não vou dar detalhes ainda, pois a equipe da Fazenda está levantando os dados. Mas posso dizer que, ali, tem maquiagem grande. Vamos convocar uma entrevista coletiva para tratar da pauta até quarta-feira”, prometeu.
O ex-prefeito Marchezan defende que a gestão chegou ao fim com avanço de R$ 638 milhões na comparação entre o último balanço de 2016 e de 2020. A melhora foi atribuída às reformas estruturais e à contenção de gastos na cidade. A arrecadação antecipada do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) sequer foi levada em consideração pelo político em seu último anúncio à frente da Capital.
Novo decreto deve alterar funcionamento de bares e restaurantes
As divergências entre Sebastião Melo e Nelson Marchezan Júnior não se restringem às finanças. Nesta segunda-feira (4), o novo prefeito de Porto Alegre vai anunciar mudanças no decreto de enfrentamento ao coronavírus imposto pelo tucano. Em um primeiro momento, o emedebista pretende equiparar as regras municipais ao mínimo exigido na bandeira laranja do modelo de Distanciamento Controlado.
“Hoje, na Capital, as igrejas têm uma série de restrições para a realização dos cultos. Eu acho isso errado. O próprio Governo do Estado tem regras muito mais flexíveis em relação a isso. Isso nós vamos resolver de imediato. Outra questão importante envolve os bares. Eu acredito que, quanto mais tempo abrir, melhor. Assim, teremos menos pessoas circulando ao mesmo tempo”, pondera o emedebista.
Uma reunião entre Melo e os secretários da Saúde, Mauro Sparta, e de Enfrentamento ao Coronavírus, Renato Ramalho, marcada para o meio-dia, vai sacramentar as alterações. “O Mercado Público, por exemplo, que está operando com 25% de atendimento, também será alvo de flexibilização. Por que os permissionários pequenos têm de conviver com mais restrições que os outros empresários?”, questiona.