Argentina começa a aplicar vacina russa a partir deste ano

Presidente Alberto Fernández afirmou que vai ser o primeiro a tomar

Foto: Andrey Rudakov/Divulgação/Fundo Russo de Investimento Direto

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse nesta quinta-feira que fechou um acordo com a Rússia para fornecimento da vacina Sputnik V. Ele garantiu que a vacinação no país começa ainda neste ano e afirmou que vai ser o primeiro a tomar uma dose. “Vou ser imunizado antes para que ninguém tenha medo”, afirmou.

A Sputnik V começou a ser aplicada nos russos na semana passada, após ter sido aprovada pelo órgão regulador do país. Os dados sobre a eficácia ainda não foram auditados por cientistas ou agências de outros países.

Segundo Fernández, o contrato com o governo russo envolve a aquisição de doses suficientes para vacinar, entre janeiro e fevereiro, pelo menos 10 milhões de argentinos, com uma primeira remessa, de cerca de 600 mil doses, a fim de imunizar 300 mil pessoas antes do fim do ano.

A Argentina soma cerca de 44 milhões de habitantes. “Em janeiro, teremos doses para vacinar 5 milhões pessoas e, em fevereiro, o restante das doses necessárias serão concluídas para a vacinação das 10 milhões de pessoas que antecipamos”.

O acordo com os russos para o fornecimento de vacinas é o terceiro fechado pela Argentina até agora, depois dos que foram firmados com a AstraZeneca e a Universidade de Oxford e outro com o Covax, um mecanismo da ONU cujo objetivo é garantir o acesso global equitativo aos imunizantes.

Uma das particularidades do contrato com a Rússia é que ele contém uma cláusula favorável à Argentina para ter mais 10 milhões de doses em março, caso as demais vacinas atrasem. Segundo ministro da Saúde da Argentina, Ginés González García, os russos foram os únicos que ofereceram segurança contratual quanto à entrega das doses em tempo hábil.

Fernández reconheceu que a logística para a distribuição da vacina vai ser “complicada” pelo enorme número de doses e porque elas virão de países muito distantes – primeiro da Rússia e depois de outros centros de produção, na Coreia do Sul, Índia e Bangladesh.

O presidente argentino lembrou ainda que a documentação sobre a vacina russa chegou há muito tempo à Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT) e afirmou que o governo está “organizando tudo o que é necessário para que tenha a aprovação” do órgão.

Segundo Fernández funcionários do governo e da agência viajarão para a Rússia na próxima semana para observar as condições de produção e qualidade da vacina e “tirar todas as dúvidas que devem ser levantadas sobre produção e qualidade”.

A ideia é que, com a viagem, os técnicos da ANMAT consigam ter informações suficientes para aprovar a vacina de forma emergencial, informou o jornal Clarín. De acordo com a publicação, a agência indica que, nesses casos, as vacinas “podem ser autorizadas de acordo com procedimento específico para avaliar as condições de risco e benefício”.

Na Argentina, os primeiros a receber a vacina serão profissionais da saúde, militares, forças de segurança, professores, pessoas com mais de 60 anos e entre 18 e 60 que tenham “doenças preexistentes” – cerca de 13 milhões de argentinos no total.

A partir de março, o governo adota um calendário de vacinação, que continua ao longo do ano, para que todos que quiserem consigam se vacinar.

Segundo os desenvolvedores, a Sputnik V obteve 95% de eficácia. Na Rússia, ela começou a ser aplicada no dia 5 de dezembro a profissionais de saúde, idosos e professores.