Com fim da greve do Imesf, sindicato fala em atuar na esfera política para impedir demissões

Paralisação interrompeu atendimentos em sete unidades de saúde de Porto Alegre

Foto: Alina Souza/CP

Os servidores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf), que estavam em greve há dois dias, voltaram ao trabalho nesta sexta-feira (16). No ápice da paralisação, sete unidades de saúde chegaram a fechar as portas – interrompendo o atendimento a 36 mil moradores de Porto Alegre.

Com o fim da mobilização, provocada pela liminar do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) que impede a demissão dos profissionais do Imesf, a categoria pretende atuar na esfera política para impedir os desligamentos. De acordo com o Sindisaúde/RS, os trabalhadores continuam pleiteando a criação de um novo órgão.

“A absorção dos trabalhadores esbarrou na falta de vontade política. A prefeitura podia fazer um acordo na Justiça e garantir os empregos, mesmo naqueles cargos em extinção. Outras alternativas poderiam ter sido discutidas na Câmara Municipal”, opina o presidente do sindicato, Júlio Jesien.

Por outro lado, a prefeitura da Capital aposta na concessão da atenção primária à iniciativa privada. A administração pretende implantar o modelo em 60 unidades de saúde até o mês de novembro, totalizando 103 postos sob o controle da Associação Hospitalar Vila Nova, Hospital Divina Providência e Santa Casa de Misericórdia.

A troca na gestão dos espaços começou, justamente, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que extinguiu o Imesf. No ano passado, a Corte considerou inconstitucional a lei que instituiu a fundação, sancionada em 2011. Junto do anúncio mais recente, o Executivo informou que daria continuidade ao desligamento dos servidores do Imesf.

Segundo a categoria, esse foi o estopim da greve. “Os trabalhadores da saúde pública têm um compromisso enorme com a comunidade. Eles só usam as paralisações como último argumento – e, nesse caso, só aconteceu porque o município resolveu emitir os termos de demissão”, justifica Jesien.

O Sindisaúde/RS estima que, dos 1,8 mil servidores vinculados ao Imesf à época da decisão do STF, 500 já tenham sido desligados. Cerca de 25% deles ainda estariam fora do mercado.