Câmara deve recorrer de decisão que suspendeu audiências na comissão de impeachment de Marchezan

Mandado de segurança obtido pela defesa do prefeito adiou restante das reuniões que aconteceriam essa semana

Jeannifer Machado/CMPA

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre deve recorrer da decisão que suspendeu, mais uma vez, os trabalhos da comissão que analisa o impeachment do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB). O mandado de segurança, concedido nessa quarta-feira (7) pela juíza Andreia Terre do Amaral, da 3ª Vara da Fazenda Pública, determinou que a Comissão Processante peça a liberação dos documentos solicitados pelos advogados do político.

Liderada por Roger Fischer, a defesa pretende incluir no processo informações sobre supostas fraudes ocorridas, anteriormente, em órgãos municipais como o Departamento Municipal de Habitação de Porto Alegre (Demhab) e a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). Os problemas enfrentados durante a execução das obras de mobilidade previstas para a Copa do Mundo de 2014 na Capital também vão ser usados.

Todos esses relatórios precisam ser liberados pelos órgãos públicos, sob solicitação da Câmara Municipal. O vereador Hamilton Sossmeier (PTB), que preside a Comissão Processante, afirma que a definição sobre o recurso vai acontecer ainda nesta quinta-feira. “Se a Justiça entender que nós precisamos desses documentos teremos que reavaliar, pois não temos ideia de quanto tempo o processo de busca dos documentos levaria”, explica.

Inicialmente, dois depoimentos estavam previstos para esta quinta-feira: o ex-diretor do DEP Tarso Boelter e o deputado federal Maurício Dziedricki iriam se manifestar no processo de impeachment contra Marchezan. Na sexta, seria a vez do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da empresária Marta Rossi.

Câmara pretendia concluir depoimentos na sexta-feira

Quando a Comissão Processante voltou a se reunir, na segunda-feira (5), os parlamentares ainda sustentavam a ideia de concluir todas as dez oitivas solicitadas pela defesa de Marchezan até esta sexta-feira. O mandado de segurança em favor do prefeito congela os trabalhos que já estavam atrasados, em relação ao cronograma original, por causa de adiamentos solicitados pelas testemunhas e problemas técnicos da Câmara.

Caso a liminar judicial não seja cassada, os vereadores também vão ter de solicitar documentos ao Tribunal de Contas do Estado e da União, a pedido dos advogados do tucano, antes da sequência dos depoimentos. O prazo final para a conclusão do processo – que ainda vai contar com uma nova fase de sustentações da defesa do político e com a deliberação dos parlamentares – é o dia 9 de novembro.

Denúncia

O uso de recursos do Fundo Municipal de Saúde para pagamento de gastos com publicidade é a base para as denúncias encaminhadas à Câmara Municipal. Conforme a denúncia, dados disponíveis no Portal Transparência do Executivo mostram que o prefeito teria autorizado a aplicação de R$ 2.414.465,14 deste fundo em despesas de divulgação, não apenas a imprensa da Capital mas também “além dos limites de Porto Alegre”.