Próximo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o professor Carlos André Bulhões disse hoje que se sente discriminado em relação a manifestações contrárias à nomeação dele. Convocados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), universitários se reuniram, no início da tarde desta quinta-feira, para protestar contra a nomeação, que também divide opiniões no meio acadêmico.
“Com base em inverdades estão sendo gerados sentimentos de preconceitos, pré-julgamentos e prepotências. Eu espero que, pelo menos, a minha integridade física e da minha família esteja garantida. Eu recebi alguns símbolos inadequados por e-mail e por redes sociais”, disse ele, que lembrou ainda que não vai guardar rancor de quem é contrário a que tome posse.
Bulhões, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro nessa quarta-feira, era o terceiro da lista tríplice de candidatos a reitor da universidade. Para os estudantes, a indicação presidencial é “uma intervenção política” na Ufrgs e um retrocesso já que o professor “não conta com o apoio da comunidade acadêmica”.
O processo de transição da gestão vai começar na segunda-feira. Bulhões ainda aguarda reunir-se como o atual reitor Rui Opperman. Na entrevista coletiva, Bulhões previu dificuldades no acesso a verbas públicas, principalmente em razão da pandemia de coronavírus que demanda recursos na área social. Segundo o novo reitor, a gestão vai se basear em financiamento da educação superior, inclusão pedagógica e diálogo.
A Lei Orçamentária Anual (LOA) previu orçamento de R$ 2 bilhões para a instituição em 2020. Bulhões explica que 90% desse valor vão para a folha de pagamento. A primeira meta é honrar com esse compromisso. “O que sobra é muito aquém das necessidades. Esta é a principal dor de cabeça. Financiamento da educação superior é prioridade”, disse.
Perfil
Carlos André Bulhões é professor titular e diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Ufrgs, com 36 anos dedicados à docência. Engenheiro civil, doutor em Planejamento de Recursos Hídricos e pós-doutor em Planejamento Ambiental, atuou na perícia do rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais. É diretor do Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge) e ocupou vaga de titular no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA/RS).