Direção garante manutenção de aulas em escola fechada pelo governo

Grupo de alunos, ex-alunos e pais ocupa prédio da Escola Estadual Rio Grande do Sul, em protesto contra o fechamento da instituição

Escola Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, deve ser fechada para abrigar moradores em situação de rua com Covid-19 | Foto: Alina Souza/Correio do Povo
Escola Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, deve ser fechada para abrigar moradores em situação de rua com Covid-19 | Foto: Alina Souza/Correio do Povo

Um grupo de 20 a 30 pessoas está acampado na Escola Estadual Rio Grande do Sul, no Centro de Porto Alegre. Alunos, ex-alunos, pais e membros da comunidade protestam contra o fechamento da instituição. A Secretaria da Educação teria enviado um comunicado à direção, afirmando que o prédio será aproveitado como albergue para pessoas em situação de rua com Covid-19. Documentos e equipamentos da secretaria do colégio foram recolhidos pelo governo.

A diretora da escola esclarece que, mesmo assim, as aulas serão mantidas. Segundo Elisa Santanna Oliveira, estudantes sem acesso à internet poderão retirar o material didático na sede da instituição. “Continuamos com as nossas atividades normais. Alunos com acesso seguem tendo suas aulas normais através da plataforma Google Sala de Aula, como já vínhamos fazendo desde abril. Já utilizávamos essa plataforma. Alunos que não têm acesso continuam retirando suas atividades na escola. Mesmo o governo tirando a nossa secretaria, os professores vão imprimir as atividades, enviar para a escola e a gente vai entregar para os alunos”, explicou. “Nossos alunos não serão prejudicados, mesmo a Secretaria da Educação fazendo de tudo para prejudicá-los”, completou a diretora.

Escola ocupada

Uma ex-aluna que participa da mobilização relata o revezamento de pessoas na ocupação da escola. Além da comunidade, movimentos sociais e vizinhos dão apoio à vigília. De acordo com Atena Roveda, a ocupação vai ser mantida. “As vagas das nossas crianças e dos nossos adolescentes vão ficar aqui. A gente tem crianças com necessidades especiais”, ressaltou. “Até sexta-feira, se eles não derem uma posição, […] a gente vai anunciar mais uma semana de ocupação, fortalecendo a ocupação”, sustentou.

A diretora Elisa Santanna Oliveira demonstrou o orgulho com a manifestação em defesa da Escola Rio Grande do Sul. “A gente está muito orgulhoso da posição da comunidade. Se não fosse assim, nós não teríamos outra forma de reverter a situação. A gente já conversou com o secretário [da Educação, Faisal Karam]  na audiência pública, ele já deu a posição dele e a posição continua sendo de fechar a escola”, observou. “A gente ainda acredita que tem chance por conta da mobilização”, relatou Oliveira.

A Escola Rio Grande do Sul atende alunos do Ensino Fundamental entre crianças e adultos, inclusive pessoas com necessidades especiais. São mais de 280 estudantes matriculados na instituição. Nesse domingo (06), a reportagem do Correio do Povo visitou o colégio e procurou a Secretaria Estadual da Educação, que não se posicionou sobre o assunto. As Comissões de Segurança e de Educação da Assembleia Legislativa denunciaram o caso ao Ministério Público.