Direção denuncia fechamento de escola estadual em Porto Alegre

Comissões da Assembleia encaminharam a denúncia e cobraram posição da Seduc

Foto: Alina Souza/CP

A direção da Escola Estadual de Ensino Fundamental Estado do Rio Grande do Sul, no Centro de Porto Alegre, denunciou hoje a tentativa de fechamento da instituição, o que deixa os mais de 280 alunos da instituição com destino incerto. A suspensão das aulas presenciais ocorreu em 19 de março mas, em agosto, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) encaminhou um e-mail informando que o prédio onde funciona a escola vai ser usado como albergue. O objetivo é acolher pessoas em situação de rua que possam vir a contrair uma versão menos agressiva da Covid-19.

A princípio, a ideia era emprestar a estrutura por três meses para essa finalidade mas a direção da escola argumentou que os professores fazem uso de materiais da instituição para a produção e impressão das atividades entregues aos alunos que não possuem acesso à internet, e que não havia como ceder o prédio. Dias depois, em uma reunião, a Seduc informou a direção da escola sobre a realocação de equipamentos e alunos para a Escola Técnica Parobé, durante toda a pandemia.

Tanto o corpo docente, quanto pais dos alunos e ex-alunos consideraram a proposta inaceitável e realizaram um abaixo assinado, com mais de três mil apoiadores, além de notas de repúdio. Após as manifestações, tanto da Escola Estado do Rio Grande do Sul, quanto da Escola Técnica Parobé, as discussões sobre o tema pararam de acontecer. Até que, na manhã de quinta-feira, a direção recebeu mais um e-mail da Seduc, no qual a pasta pedia a entrega das chaves do prédio, negada.

No mesmo dia, já no turno da tarde, os cadeados da escola foram arrombados e o local, invadido. Todos os computadores e demais equipamentos administrativos foram levados e um novo cadeado colocado no portão. Por conta do ocorrido, uma mobilização ocorreu hoje em frente à Escola.

O vice-diretor, Pablo Girondi, define a situação como absurda. “Como podem estourar o cadeado de uma escola e mexer nos materiais sem autorização da direção?”, questiona. Segundo ele, o fechamento forçado não havia sido acertado com a comunidade escolar.

Conforme Girondi, os equipamentos foram levados para a Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Leopolda Barnewitz, que fica a cerca de 1,2km do prédio atual, no bairro Cidade Baixa. “A comunidade escolar não quer entregar a nossa estrutura, são mais de 280 famílias que serão deslocadas, além de funcionários e professores, para fazer um albergue”, enfatiza.

Seduc vai ser denunciada por arrombamento
Também hoje, as comissões de Educação e de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa vão encaminhar denúncia pelo arrombamento da Escola Estadual de Ensino Fundamental Rio Grande do Sul pela Secretaria Estadual de Educação. A deputada Luciana Genro (PSol) criticou o secretário Faisal Karam que, segundo ela, “teve uma postura autoritária e inflexível” durante a reunião com os parlamentares e a comunidade escolar.

O ofício com a denúncia vai ser enviado ao secretário de Segurança Pública e vice-governador Ranolfo Vieira Júnior; à Chefe da Polícia Civil do Estado, delegada Nadine Anflor, e ao responsável pela delegacia de Polícia Civil da região do Centro Histórico. Ainda como encaminhamento da audiência, as comissões já acionaram a Promotoria Regional de Educação do Ministério Público para requisitar informações ao governo do Estado sobre o fechamento da escola. Desde a manhã desta sexta, a comunidade escolar ocupa a instituição, contra a medida.

A Promotoria de Justiça Regional de Educação de Porto Alegre confirmou que recebeu o documento da Assembleia Legislativa e vai pedir informações prévias à Secretaria de Educação.