Sindicato afirma que greve dos Correios tem adesão em todo o RS

Direção dos Correios afirma que, mesmo com a greve, vai manter o atendimento à população em um plano de continuidade de negócios

Primeiro dia da greve dos Correios tem reflexos no interior e em Porto Alegre | Foto: Alina Souza/Correio do Povo/Arquivo
Em Porto Alegre, desde as primeiras horas da manhã de hoje, os trabalhadores se mobilizam em frente as unidades dos Correios - Foto: Alina Souza/CP/Arquivo

A terça-feira foi de mobilização entre os trabalhadores dos Correios em todo o Brasil. A categoria deflagrou uma greve na noite dessa segunda (17). A paralisação é por tempo indeterminado. Os servidores protestam contra a gestão da empresa pelo governo federal.

No Rio Grande do Sul, o Sindicato dos Trabalhadores de Correios (Sintect RS) fala em adesão de 70% em algumas unidades. O secretário-geral da entidade afirmou que até setores que, tradicionalmente, não participam de greves entraram na mobilização. Um dos exemplos citados por Alexandre Nunes foi o Centro de Entrega de Encomendas da Sertório, na Zona Norte de Porto Alegre. “É um setor que parou. Mais de 70% dos trabalhadores estão aqui na frente”, destacou. “Falando no interior do Estado, a região de Caxias do Sul, região de Pelotas, região de Passo Fundo. Todas as regiões da base do nosso sindicato têm uma ampla adesão”, completou Nunes.

Demandas da categoria

Uma das reclamações da categoria é a discussão da política salarial nos Correios. De acordo com Alexandre Nunes, os trabalhadores não gostariam de entrar em paralisação no momento. “O que a gente gostaria é que a gente não discutisse campanha salarial este ano, somente ano que vem. Só que a direção da empresa insiste nisso”, protestou.

As entidades que representam os trabalhadores dos Correios em todo o país ainda denunciam más condições de trabalho durante a pandemia de Covid-19. Outro ponto, segundo o sindicato, é o corte de direitos previstos no acordo coletivo da categoria. Questões como vale-alimentação, auxílio-creche, licença-maternidade e o limite de peso carregado pelos carteiros estariam sendo revistas pela empresa.

O secretário-geral do Sindicato, Alexandre Nunes, acredita que os cortes são um indicativo de privatização dos Correios. “A direção dos Correios está tirando 70 cláusulas do nosso acordo coletivo e são 79 no total. As nove que eles vão deixar não garantem nada”, explicou. “Só estão tentando tirar todos os nossos direitos nesse acordo coletivo porque querem privatizar”, denunciou Nunes.

Resposta dos Correios

A reportagem da Rádio Guaíba procurou os representantes da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) no Rio Grande do Sul. A direção da estatal enviou uma nota afirmando que, mesmo com a greve, irá manter o atendimento à população em um plano de continuidade de negócios.

Sobre as demandas dos trabalhadores, os Correios dizem que o “objetivo primordial” da negociação com a categoria é “cuidar da saúde financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia”. A ECT fala em contenção de R$ 600 milhões em despesas, enquanto as reivindicações dos sindicatos custariam R$ 1 bilhão. No início do mês, a companhia negou estar retirando direitos dos trabalhadores.