Trabalhadores dos Correios decidem entrar em greve por tempo indeterminado

Categoria protesta contra proposta de reajuste zero e retirada de direitos previstos em Acordo Coletivo

Foto: Fabiano do Amaral/CP

Em uma assembleia presencial na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, na noite desta segunda-feira, trabalhadores de Correios decidiram decretar greve por tempo indeterminado. A paralisação é nacional e até às 21h, outros quinze sindicatos tiveram a mesma deliberação pelo país.

O Sindicato dos Trabalhadores de Correios do RS (Sintect-RS) divulgou uma carta aberta que critica o governo federal e a direção da empresa. “Na negociação deste ano, apresentaram reajuste zero e querem retirar praticamente todos os direitos da categoria”, cita o documento.

Segundo o secretário-geral do Sintect-RS, Alexandre dos Santos Nunes, o movimento é a única resposta possível à proposta da empresa que retira 70 cláusulas do Acordo Coletivo dos trabalhadores. “Tudo que conquistamos ao longo de 30 anos está sendo retirado. Isso demonstra um total desprezo pelo que representa o trabalhador de Correios para o Brasil, que mesmo frente a uma pandemia, continua nas ruas, de porta em porta, atendendo a população”, ponderou ele.

A categoria também é contra a aceleração do processo de privatização da estatal, ainda que a demanda tenha aumentado em 25% no país, por conta da pandemia. “Fecharam agências, não fazem concurso para substituir os trabalhadores que se aposentaram ou saíram em sucessivos Programas de Demissão, entre outras iniciativas”, menciona outro trecho da carta aberta.

Nunes considera que a decretação de greve em nível nacional representa a indignação dos trabalhadores com a empresa, que não se preocupa em proteger os trabalhadores do coronavírus, impõe sobrecarga de trabalho, exige trabalho aos sábados e domingos, não testa os trabalhadores, mesmo os que conviveram com colegas afastados pela Covid-19 e que agora, “ataca brutalmente” os direitos da categoria.

“Não vamos aceitar um ataque com esta dimensão. As representações dos trabalhadores pediram várias vezes para que a negociação não fosse feita neste momento, mas a empresa está exatamente aproveitando a pandemia para ‘passar a boiada’ nos direitos da categoria. E a nossa resposta é a greve”, acrescentou Nunes. O dirigente esclarece que a greve é em defesa dos direitos, da vida e contra o sucateamento da estatal.