Cancelamento de estudo nacional confunde população e UFPel encontra dificuldade em coletar dados sobre Covid no RS

Em Porto Alegre, população recebeu equipes com descrença em condomínios fechados, nessa manhã

Foto: Daniela Xu / Epidemiologia UFPel
Ao iniciar os trabalhos da sexta fase da coleta de dados da pesquisa sobre a disseminação do coronavírus no Rio Grande do Sul, as equipes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) encontraram dificuldades para realizar as entrevistas em Porto Alegre, na manhã deste sábado. Parte da população pensa que a pesquisa terminou e não recebe os pesquisadores. A confusão ocorre porque o  Ministério da Saúde cancelou, nesta semana, o financiamento da pesquisa nacional Epicovid-19, realizada pela UFPel. No Rio Grande do Sul, porém, o estudo segue normalmente até a oitava fase.
Entre sábado e segunda, aproximadamente 50 entrevistadores, paramentados, vão realizar o trabalho de campo para coletar as informações. Nessa manhã, os profissionais foram recebidos com descrença em função do cancelamento nacional da consulta. A negativa ocorreu em condomínios fechados de bairros como Centro e Menino Deus, por exemplo.
“Eu queria fazer um alerta de que de hoje até segunda-feira continua a coleta da sexta fase do estudo sobre Covid no Rio Grande do Sul. Este estudo é diferente daquele nacional que foi cancelado por falta de financiamento. O do Estado continua firme e forte. Quem recebeu o chamado dos nossos pesquisadores, por favor atenda e participe de pesquisa. Se tiver dúvidas, pode ligar para o 190 e pedir os dados do pesquisador”, reforça Lucia Pellanda, reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e coordenadora do estudo em Porto Alegre.
Na capital, o objetivo é entrevistar 500 pessoas, além de outras 4 mil em mais oito cidades gaúchas. Os resultados dessa nova rodada serão conhecidos na próxima quarta-feira.
Os números da fase mais recente, divulgados no fim de junho, já identificaram o avanço da pandemia. Na oportunidade, o estudo estimou cerca de 53 mil pessoas, o equivalente a 0,47% da população gaúcha, com anticorpos para a doença. O dado representa um gaúcho infectado para cada 214 habitantes.
Com apoio de financiadores como Unimed Porto Alegre, Instituto Cultural Floresta, Banrisul e Instituto Serrapilheira, a UFPel vai realizar oito rodadas da pesquisa no Rio Grande do Sul. Todas as etapas tiveram custo de R$ 2,1 milhões.
Pesquisa nacional cancelada
Nesta semana, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, confirmou o fim do convênio da pesquisa nacional. Eram necessários R$ 4 milhões do governo federal para financiar a nova rodada de estudos por todos estados do país. Ao todo, foram feitas três etapas nacionais. Ao cumprir agenda, em Porto Alegre, Pazuello alegou que a pesquisa, apesar de considerada “muito boa”, tinha caráter regional.
“A pesquisa dessa forma ficou mais regionalizada e tivemos dificuldade de transferir o raciocínio para fazer uma triangulação das ideias para efeito de Brasil, como um todo. O Brasil é muito heterogêneo”, disse, na última terça-feira.
No começo do mês, a terceira e ultima fase da pesquisa indicou a presença de anticorpos do coronavírus em 3,8% dos brasileiros, estimando que número real de infectados seja seis vezes maior que o total notificado.