“Motoristas e cobradores não serão fiscais do transporte público da capital gaúcha”, afirma engenheiro da ATP

Lista com a nominata dos usuários que deverão ser suspensos ainda não foi enviada pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre à ATP

Foto: Mauro Schefer / CP

Em entrevista, na manhã desta segunda-feira, ao programa Direto Ao Ponto, da Rádio Guaíba, Antonio Augusto Lovatto, engenheiro de Transportes da Associação de Transportadores de Passageiros (ATP), manifestou preocupação em relação ao mais recente decreto de Nelson Marchezan Jr. As novas medidas restritivas no transporte coletivo de Porto Alegre, que entram em vigor na próxima quinta-feira (09), limitam o uso do vale-transporte por pessoas que não trabalham em serviços essenciais na Capital. O engenheiro ressaltou que, para realizar a suspensão temporária desses vales, a Associação depende de uma lista com os nomes dos usuários, que ainda não foi encaminhada pela Prefeitura de Porto Alegre.

Além disso, Lovatto afirma que a ATP não possui poder de fiscalização. Dessa forma, os seus colaboradores não poderão barrar a entrada de usuários nos ônibus. “Essa seria uma responsabilidade da EPTC, porque o motorista e os cobradores não poderão entrar em conflito com os passageiros que decidam ingressar no transporte coletivo”, alertou.

O engenheiro afirma que a rede municipal precisa estar interligada nesse planejamento e que a prefeitura ainda não repassou orientações específicas sobre o assunto. “A Trensurb também vai parar? Haverá bloqueio nos três sistemas de transporte público que ligam Porto Alegre à Região Metropolitana?”, questionou.

Os usuários que não atualizaram seus cadastros no sistema também podem sofrer restrições inadequadas em relação ao benefício. “A pessoa que realizou o seu cadastro e já teve cinco ou sete empregos, mas não atualizou no sistema, pode estar cadastrado ainda como serviço não essencial, apesar de trabalhar atualmente com serviço essencial”, salientou.

As empresas da área estão sobrevivendo, até aqui, através da renegociação com seus fornecedores, que postergaram seus contratos até o fim da pandemia, e ainda com medidas provisórias do Governo Federal. De acordo com o engenheiro, através da MP de n° 936 foi possível “diminuir a folha de pagamento em até 40%”. A ATP critica a postura dos governantes municipais e estaduais que no Rio Grande do Sul não auxiliaram as empresas como em outros estados brasileiros.

A Prefeitura de Porto Alegre garantiu hoje que os pagamentos em dinheiro serão aceitos em todos os horários a partir de quinta-feira, porém, “se o fluxo de passageiros não diminuir, a prefeitura poderá suspender essa forma de pagamento”.

Lovatto ressaltou ainda que não existe uma projeção para o fim deste cenário, porque tudo depende do poder público. “Protocolos de segurança e decretos irão definir quando acaba, quando tudo voltará ao normal. No momento em que as atividades começarem a ser liberadas, teremos o retorno à normalidade”.