Falta de medicamentos pode colocar em risco pacientes com Covid-19

Cremers cita impacto da falta de medicamentos também para realização de cirurgias em tratamentos sem relação com a pandemia

Cirurgias e tratamentos contra a Covid-19 são prejudicados pela falta de medicamentos | Foto: Ingrid Anne/Prefeitura de Manaus/Agência Câmara de Notícias
Foto: Ingrid Anne/Prefeitura de Manaus/Agência Câmara de Notícias

Hospitais do Rio Grande do Sul registram, há um mês, a falta de medicamentos sedativos e anestésicos. O problema foi reconhecido pela Secretaria Estadual da Saúde, que orientou para o cancelamento de cirurgias eletivas. O Conselho Regional de Medicina (Cremers) também emitiu um alerta. Além de ressaltar o impacto nos procedimentos cirúrgicos, o desabastecimento pode prejudicar pacientes com Covid-19.

De acordo com o vice-presidente da entidade, Dr. Eduardo Neubarth Trindade, pacientes sob tratamento intensivo e em respiração mecânica necessitam de sedação. “Pode impactar até a nossa capacidade de manter os leitos de UTI”, sublinhou. “Se a gente não tiver as medicações, não vai adiantar ter o equipamento de ventilação mecânica; ter o respirador artificial; eventualmente, ter o médico, o enfermeiro, o técnico de enfermagem”, prosseguiu o vice do Cremers.

Suspensão de cirurgias

O Cremers pede que os médicos denunciem a falta de medicamentos ao Conselho e às autoridades médicas. Uma das orientações é para que não sejam realizados procedimentos sem a garantia de segurança ao paciente. “Ele [o médico] nunca deve submeter o paciente a um risco desnecessário. Neste momento, que tem falta de medicações – na verdade, os estoques estão muito baixos -, o médico tem autonomia para tentar evitar e tentar postergar estes procedimentos”, observou Neubarth Trindade. “Nós não devemos começar um procedimento se a gente não vai conseguir acabá-lo com segurança”, completou.

O vice-presidente do Cremers ainda apontou para possíveis soluções do problema. Na visão de Eduardo Neubarth Trindade, além da suspensão das cirurgias, os hospitais e autoridades devem tentar comprar novos medicamentos ou remédios similares. “Infelizmente, está se vendo um aumento abusivo do preço dessas medicações. A gente sempre sabe que tem a lei da oferta e da procura, mas às vezes a gente está ouvindo relato de aumento de 100% e 200% nas medicações, ao longo de dois meses. E também tentar buscar outras opções para essas medicações, buscar remédios similares que possam ser usados com o mesmo objetivo”, completou.

Um dos municípios que enfrenta a falta de medicamentos em UTIs é Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O índice de uso dos remédios na cidade durante o primeiro semestre de 2020 já ultrapassou a marca de todo o ano de 2019. O problema também é relatado em outros estados do Brasil e é discutido pela Câmara dos Deputados.