Falta de medicamentos em UTIs da Covid-19 é o “desafio do momento”, adverte secretário de Canoas

Secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, admite que impasse não fazia parte do planejamento de crise do governo

Foto: Ricardo Giusti / CP

O secretário de Saúde de Canoas, Fernando Ritter, manifestou preocupação ainda maior, nesta sexta-feira, em relação à falta de remédios em UTIs da região. “Há um mês, não conseguimos renovar o estoque de medicamentos. Mesmo com o pagamento à vista, as empresas não conseguem honrar com os seus compromissos”, relatou. De acordo com ele, uma das maiores fornecedoras prometeu entrega para a segunda-feira passada, o que não ocorreu.

Atualmente, entre os 88 leitos de UTI destinados ao atendimento específico do coronavírus em Canoas, o índice de ocupação é de 98%. A marca pode colocar a região na primeira bandeira preta do Rio Grande do Sul no modelo de distanciamento estadual. A falta de remédios, além de gerar o fechamento das unidades de atendimento, pode causar consequências graves aos pacientes já internados, inclusive o óbito prematuro.

O secretário esclarece que os pacientes com o coronavírus exigem cuidados específicos, o que demanda um uso maior de medicamentos, como anestésicos, quando feita a comparação com um paciente típico de unidades de emergência. “Até aqui, as UTIs de Canoas já usaram mais medicamentos que em todo o ano de 2019”, informou Ritter. Ele também esclareceu que a demanda não é por medicamentos complexos, mas por relaxantes musculares e anestésicos, por exemplo, essenciais nas UTIs da Covid-19.

A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, admite que a falta de medicamentos não fazia parte do planejamento de crise do governo, mas que “este é o desafio do momento”. No planejamento, foram listadas como pautas emergenciais a abertura de novos leitos de UTI, equipamentos para essas novas unidades, equipes e estrutura. “Nem os hospitais tiveram tempo para se preparar para uma eventual falta dos insumos de intubação que incluem todos os anestésicos necessários porque, com certeza, o uso desses insumos foi muito maior que a capacidade de produção das empresas”, disse Arita.

Os secretários dizem esperar que o governo federal consiga fazer a distribuição rápida e eficiente dos remédios solicitados, já em falta. “Nós não sabemos se temos nas distribuidoras e nos laboratórios o estoque para atender essa demanda. O Ministério da Saúde está fazendo a requisição administrativa e, dos 22 dois itens (de combate à doença), conseguiu seis (…) e lançou um registro de preço. O Rio Grande do Sul manifestou diretamente seu interesse”, relatou a secretária estadual. Arita também afirmou que a importação de insumos pode ser uma alternativa, embora não represente uma solução em definitivo.

Em um grupo no WhatsApp, outros secretários gaúchos se solidarizaram com a situação de Canoas, mas todos temem fazer doações por também não estarem em situação tranquila. Acionado, o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ruy Oppermnann, disponibilizou tranquilizantes da Faculdade de Veterinária (Favet).