Inaugurado em 2010, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), em Porto Alegre, caminha para se transformar em uma organização social (OS). A medida ficou acertada em videoconferência, realizada na tarde desta quarta, entre o secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Júlio Semeghini, o governador Eduardo Leite e o secretário estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb. A reunião ocorreu após o Ministério da Ciência, detentor da Ceitec, ter cogitado extinguir a estatal. Com a transformação do Ceitec em OS, o quadro técnico, de quase 200 servidores, fica mantido e pode assumir projetos com verba oriunda de parcerias com a iniciativa privada e institutos de pesquisa, por exemplo.
Incluído no Programa de Parceria de Investimentos (PPI) do governo federal, o Ceitec chegou a entrar para o rol de estatais em vias de privatização. Em um segundo momento, porém, equipes técnicas dos Ministérios da Economia e Ciência votaram por extinguir a estatal. O BNDES elaborou um plano de estudo sobre o futuro da empresa pública, que não teve o teor revelado. Na semana passada, o governo federal optou por extinguir o Ceitec, antes mesmo de examinar o estudo do banco.
A videoconferência buscou impedir o fim da estatal. Após o encontro, o secretário Lamb informou que o Planalto pretende preservar os ativos intelectuais do Ceitec, transformando a empresa em OS. A alternativa encontrada também preserva as patentes conquistadas, projetos e layouts já desenvolvidos em Porto Alegre. Criada há mais de uma década, a unidade conta com uma fábrica, onde projeta, fabrica e comercializa dispositivos microeletrônicos e circuitos integrados (chips) para identificação e rastreamento de produtos, medicamentos e animais, por exemplo.
Mais de 60% dos servidores possuem mestrado, doutorado ou pós-doutorado. Hoje, a estatal é um das sete empresas mundiais autorizadas a produzir chips para passaportes. O mobiliário de todo o Senado Federal também recebeu chipagem com mão de obra gaúcha.
Com vários contratos em andamento, o Ceitec desenvolveu uma série de produtos e, nos últimos cinco anos, entrou de vez no mercado mundial. Contudo, novo aporte de R$ 70 milhões da União foram necessários para manter as linhas de pesquisa e fabricação no ano passado. Conforme um técnico do centro, o governo federal taxou o Ceitec como fábrica de chips para bois e defendeu a extinção da estatal, sem sequer cogitar a possibilidade de privatizá-la.