SP testa vacina contra coronavírus em humanos a partir de julho

Se testes forem bem-sucedidos, governo do estado prevê produção em larga escala para todo o País no primeiro semestre de 2021

Foto: Governo do Estado de São Paulo / Divulgação

A última fase de testes em humanos de uma vacina contra o coronavírus do laboratório chinês Sinovac Biotech deve começar ainda em julho, em São Paulo, após uma parceria com o Instituto Butantan.

Nove mil voluntários passarão pela etapa final de testes da vacina, para comprovação de eficácia e segurança.

Em entrevista nesta quinta-feira, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que, se os testes forem bem-sucedidos, a produção pode ser feita em larga escala ainda no primeiro semestre do ano que vem, para fornecimento gratuito pelo SUS.

A Sinovac Biotech é uma empresa privada chinesa, com sede em Pequim, especializada na produção de vacinas.

Chamada de CoronaVac, essa é uma das dez vacinas em estágio mais avançado no mundo e que foram aprovadas para testes finais em humanos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A CoronaVac utiliza pedaços genéticos do SARS-CoV-2 inativado para acionar o sistema imunológico e criar anticorpos antes que haja o contato com o próprio vírus.

Um estudo publicado na revista científica Science mostrou resultados promissores da vacina em macacos rhesus. Posteriormente, 744 voluntários humanos foram submetidos a testes na China, nas fases 1 e 2.

A terceira fase ocorre no Brasil e vai ser patrocinada pelo Instituto Butantan, que já acumula experiência na tecnologia usada pelo laboratório chinês. O custo inicial é de R$ 85 milhões, investimento a ser bancado pelo governo de São Paulo.

Os voluntários serão escolhidos por centros especializados em todo o Brasil, de acordo com os critérios definidos no estudo.

O coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo, comemorou o fato de uma vacina contra o coronavírus estar disponível em tempo recorde.

“O desenvolvimento de uma vacina era uma coisa muito distante, não éramos capazes de dar prazo ou tempo. Isso nos deixa com prazo: no primeiro semestre do próximo ano teremos a vacina. O Instituto com essa parceria coloca o estado e o país na vanguarda. Só espero que não se crie um movimento contra a vacina nesse momento de polarização política em que vivemos.”

A vacina é fundamental porque mais de 80% da população brasileira, em média, ainda está suscetível a contrair o vírus. Em algumas localidades, apenas 5% tiveram contato com o coronavírus, observou Gabbardo.