Metroplan estima que empresas de ônibus fechem ano com prejuízo de R$ 167 milhões

Setor vai reduzir despesas para que cifra baixe para cerca de R$ 100 milhões

Foto: Alina Souza/CP

A queda no número de passageiros transportados nos ônibus na região Metropolitana desde março, em função da pandemia do novo coronavírus, atingiu em cheio o setor, que pode amargar um prejuízo de R$ 167 milhões até o fim do ano. Em média, por dia, 300 mil usuários faziam uso das linhas de ônibus antes do surgimento da doença no Rio Grande do Sul. Conforme a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan), atualmente a demanda pelo transporte é de 44% dessa média.

Os principais problemas enfrentados pelos operadores metropolitanos decorrem principalmente de fluxo de caixa para honrar com compromissos salariais dos cerca de 10 mil funcionários do quadro, além de custos com combustível e manutenção da frota. Soma-se a isso o impacto econômico, a restrição de circulação da população metropolitana e a necessidade de ocupação reduzida dos ônibus para evitar o contágio.

De acordo com o diretor superintendente da Metroplan, Rodrigo Schnitzer, um estudo do governo apontou que o déficit financeiro das operações em 2020 deve fechar em R$ 167 milhões se a média de passageiros permanecer abaixo do patamar verificado em março.

No ano passado, as receitas com venda de passagens chegaram a R$ 552,6 milhões. Em 2020, de acordo com as projeções do governo, não devem ultrapassar os R$ 385,55 milhões. Schnitzer afirmou que o estudo identificou parcialmente o déficit do setor de transporte e propôs algumas ações que devem ter resultado a médio e longo prazo, entre as quais a Medida Provisória 936, que trata de benefício emergencial aos trabalhadores. “O RS vem adotando medidas como a adesão à MP 936 e outras iniciativas para, ao final desse período, tentar uma redução de 42% no déficit”, observou.

Segundo Schnitzer, o objetivo é tentar baixar a cifra para R$ 100 milhões a partir da redução de despesas de transporte. “Entre os ajustes, estão a redução de oferta de horários, que podem causar transtornos e inconvenientes aos passageiros. A ideia é fazer esses ajustes para oferecer o máximo de longevidade ao sistema e diminuir impacto futuro em torno dos prejuízos”, explicou. Mesmo com essas iniciativas, ele não descarta medidas mais duras, como a redução de funcionários, por exemplo.

“Toda sociedade, em função da pandemia e da dificuldade econômica, está sujeita a essas questões de redução de emprego. O setor do transporte não é imune a isso”, admitiu.