PF apreende documentos, HDs e celulares em operação contra Witzel

"Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção", disse o governador do Rio, na tarde desta terça

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil / CP

A Polícia Federal confirmou ter aprendido documentos, contratos, notebooks, HDs e celulares na Operação Placebo, que teve como um dos alvos o governador do Rio, Wilson Witzel, nesta terça-feira.

Com autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido ao foro privilegiado dos investigados, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em 11 endereços, entre eles o Palácio das Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, com objetivo de recolher provas em um inquérito que apura suspeitas de fraudes em contratos da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus. Entre os crimes investigados, peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Na decisão, o ministro do STJ Benedito Gonçalves cita o Ministério Público Federal (MPF), que aponta “indícios de participação ativa do governador quanto ao conhecimento e ao comando das contratações das empresas […], mesmo sem ter assinado diretamente os documentos”.

Após a operação, Witzel se pronunciou na sede do governo estadual, no qual se defendeu das suspeitas e declarou ser perseguido pelo presidente Jair Bolsonaro.

“Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção. Todas as irregularidades foram investigadas e estão sendo apuradas por determinação minha. A busca e apreensão, além de ser desnecessária, é fantasiosa não resultou em nada.” Witzel acrescentou que não foram encontrados valores, nem joias durante as buscas dos agentes da PF.

De acordo com o governador, a PF não age da mesma forma com os casos relacionados ao senador Flávio Bolsonaro, para quem defendeu, inclusive, a prisão com base nos casos pelos quais é investigado.

O governador encerrou o pronunciamento dizendo que está tranquilo e criticou a atuação de Bolsonaro diante da pandemia. Witzel disse que vai manter a rotina, “continuar salvando vidas e corrigindo erros que todos nós estamos passíveis de sofrermos diante desse momento difícil que atravessa o Brasil, governado por um líder, que além de ignorar o perigo que estamos passando, inicia perseguições políticas aqueles que considera inimigos.”

Investigação

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o inquérito apura suspeitas de que uma organização social, contratada para fornecer o material necessário para o funcionamento de hospitais de campanha montados pelo governo estadual para atender pacientes com Covid-19, fraudou documentos e superfaturou valores.

Ainda segundo a Procuradoria, a ação teve a participação de agentes públicos, incluindo gestores da Secretaria Estadual de Saúde, responsáveis pelo processo de compra.

A previsão orçamentária do estado era gastar R$ 835 milhões com os hospitais de campanha em um período de até seis meses. A suspeita é que parte desse valor tenha ficado com os envolvidos nas contratações. O esquema para viabilizar os desvios envolveu, conforme o MPF, superfaturamento e sobrepreço, além da subcontratação de empresas de fachada.