Assembleia é contrária a cálculo de redução de duodécimos proposto pelo governo

Reunião entre Leite e os chefes de poderes e órgãos autônomos ocorre na noite de hoje

Principais atividades na Assembleia serão realizadas entre segunda e terça-feira
Foto: Divulgação/ALRS

A proposta do governador Eduardo Leite (PSDB) de reduzir os duodécimos repassados aos poderes, estabelecendo na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021, valores com base nas despesas efetivamente realizadas no exercício de 2019, enfrenta resistências crescentes. A mais recente veio do Legislativo. A avaliação na Assembleia é a de que a Casa vai ter prejuízo já, que, tradicionalmente, em função de estar mais exposta às críticas, protagoniza maior economia de verba pública.

“O Legislativo foi o poder que menos gastou em relação ao orçamento previsto em 2019. Agora vai ser penalizado pela economia, já que os gastos efetivos servirão como base para o orçamento do ano que vem”, disse um deputado à colunista Taline Oppitz, do Correio do Povo.

O tema pautou reunião da mesa diretora na tarde desta segunda-feira. Os deputados foram unânimes na decisão, de posicionamento contra a proposta. O recado já chegou a interlocutores do governo.

À noite, a partir das 19h, ocorre videoconferência entre Leite e os chefes de poderes e órgãos autônomos, a fim de que se busque um consenso.

A proposta apresentada na semana passada pelo Executivo estabelece repasse de R$ 5,5 bilhões em 2021 em duodécimos, conforme antecipado pela coluna. O governo prevê destinar R$ 2,8 bilhões para os tribunais de Justiça e Militar, R$ 1,1 bilhão para o Ministério Público, R$ 581 milhões para a Assembleia, R$ 565 milhões para o Tribunal de Contas e R$ 396 milhões para a Defensoria Pública.

A conta feita pelo Executivo fixa as despesas para o exercício de 2021 com base das despesas efetivamente realizadas no exercício de 2019, ajustando-as pela inflação projetada para 2020 e 2021.

Uma das alternativas em análise é a de reconhecer os esforços da Assembleia na economia de recursos, com ações como o não pagamento de valores de URVs e licenças-prêmio, estabelecendo a aplicação, no ano que vem, do orçamento deste ano (que é de R$ 701 milhões) congelado, portanto, sem correção.

Além das resistências e da necessidade de equalização para viabilizar entendimento, o governo corre contra o tempo. O prazo para protocolo do projeto da LDO na Assembleia termina na próxima sexta-feira, mas a intenção é a de apresentar o texto na véspera.

Além do descontentamento em relação ao mérito da proposta do governo sobre os duodécimos, no Legislativo, há desconforto sobre o método. “O jogo é constranger perante à opinião pública”, disse um parlamentar que participou da reunião da mesa diretora.