RS soma mais de 430 profissionais de enfermagem afastados pela Covid-19

País, que acumula 72 mortes de trabalhadores da área em função do novo coronavírus, registra mais que o dobro de óbitos em relação à Itália

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Quase 10 mil profissionais de enfermagem, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares, já foram afastados por suspeita ou diagnóstico comprovado de Covid-19 no Brasil. No Rio Grande do Sul, 433 tiveram de parar de trabalhar e uma agente morreu, no Hospital Conceição, em Porto Alegre.

As informações foram divulgadas pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), nesta quarta-feira, por meio do painel criado para monitorar a situação de trabalhadores em todas as regiões.

O país registrou 72 mortes entre os trabalhadores de enfermagem infectados pelo novo coronavírus. Outras 16 seguem esperando laudo. Duzentos e 15 profissionais seguem hospitalizados, sendo 34 deles com a doença confirmada.

Os óbitos no Brasil equivalem ao dobro do total observado na Itália, com 35 ocorrências entre profissionais de enfermagem, de acordo com dados do órgão regulador da categoria no país. Nos Estados Unidos, morreram 46 profissionais da área e, na Espanha, quatro.

O Sudeste, que acumula 5.803 afastamentos, continua sendo a região mais atingida pela pandemia. São Paulo lidera a lista, com 2.732 casos e 26 mortes, sendo 18 na capital, seguido do Rio de Janeiro, com 2.527 ocorrências e 24 mortes, 14 delas na capital. Em número de afastamentos, Santa Catarina vem em terceiro (740), o Ceará em quarto (699), e o Rio Grande do Sul, em quinto.

Os profissionais de Tocantins, no entanto, são os menos afetados, com quatro registros reportados e nenhuma morte.

As mulheres foram 85% das vítimas, entre os profissionais de enfermagem que não resistiram à doença. A maior parte (41) tinha menos de 60 anos, sendo uma delas de apenas 29.

Um dos fatores para a mortalidade elevada no Brasil é que parte dos serviços de Saúde não afastou profissionais com idade avançada, acima de 60 anos, e com comorbidades. É o que explica o presidente do Cofen, Manoel Neri.