O Governo do Estado e a Universidade Federal de Pelotas apresentaram, nesta quarta-feira (29), dados da segunda etapa da pesquisa sobre a Covid-19 no Rio Grande do Sul. O estudo testou 4,5 mil pessoas em nove municípios (Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Passo Fundo, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana). Ao todo, seis exames deram resultado positivo. Ao extrapolar os números para toda a população gaúcha, é possível afirmar que pouco mais de 15 mil pessoas foram expostas ao novo coronavírus e adquiriram anticorpos.
A pesquisa também indicou para um alto número de casos não notificados. A maioria desses registros é de pessoas que não apresentaram sintomas e não entram nas estatísticas oficiais. Para cada confirmação de paciente com Covid-19, há outras doze pessoas com a doença, mostra o levantamento.
Em videoconferência transmitida pela internet, o governador Eduardo Leite e o reitor da UFPel, Pedro Hallal, explicaram a diferença entre subnotificação e não notificação. “A questão (…) é real, existente, por conta deste fator de que as pessoas nem sabem que estão com coronavírus”, afirmou o governador. “A subnotificação dá a entender que é um erro do sistema”, explicou o reitor. “Na verdade não, a não notificação é porque as pessoas não se enquadravam nos requisitos para fazer a testagem”, completou o professor Hallal.
Óbitos por Covid-19
Ao considerar as 49 mortes registradas em casos notificados até a terça-feira (28), a letalidade foi de 3,6%. Já num universo de não notificação, a letalidade cairia para 0,33% entre os óbitos confirmados. Com a margem de erro, o número varia entre 0,15% e 0,87%. O reitor da UFPel destacou que mesmo baixa, a letalidade não pode ser ignorada. “A gente faz questão de destacar, com muita ênfase, que a letalidade varia muito com a idade. Essa estimativa na população como um todo não é a mesma na população de 60 anos ou mais, ela é bem maior”, explicou Hallal.
Ao ser questionada se não haveria uma subnotificação também nas mortes, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, afirmou que não há demanda reprimida para a análise dos óbitos. “Se um óbito da negativo para Covid-19 ele também é testado para avaliar se existe ou não H1N1 ou outros vírus”, detalhou.
Preocupação com Passo Fundo
Outro ponto da pesquisa mostrou que aumentou o número de pessoas que abandonaram as políticas de confinamento. A média de adesão caiu. Arredondando os números, três a cada dez gaúchos ignoram as recomendações; dois ficam em casa sempre; e cinco saem apenas para atividades essenciais. Antes, a média era de duas a cada dez pessoas em rotina normal, duas em casa e seis apenas apenas em atividades essenciais.
Os municípios onde há mais gente nas ruas são Ijuí, Santa Cruz do Sul e Passo Fundo, com mais de um terço da população mantendo a rotina normalmente. A cidade do Norte gaúcho é a segunda colocada em número de mortes e casos, atrás apenas de Porto Alegre.
Mesmo com os números expressivos, a pesquisa da UFPel e do Palácio Piratini não detectou nenhum registro em Passo Fundo. O reitor Pedro Hallal considera que a discrepância é natural. “O que o resultado representa é que o percentual da população com anticorpos é pequeno, mesmo que existam surtos pontuais em alguns locais”, explicou. O governador Eduardo Leite completou: “se nós pegássemos os casos de Passo Fundo, são 130 casos notificados neste momento, e multiplicarmos eles por doze, admitindo que a subnotificação lá está no mesmo valor que nós falamos aqui (…) significaria dizer que Passo Fundo tem 1.560 casos em 200 mil habitantes”.
O Governo do Estado ainda afirmou ter se reunido com lideranças do setor da pecuária, uma vez que frigoríficos vêm registrando um alto número de contágio. Uma portaria deve ser publicada nesta quarta-feira com regras específicas para os estabelecimentos do tipo.