Ocupação de leitos de UTI com pacientes de Covid se estabiliza, observa Marchezan

Prefeito disse que decisões sobre reabertura de setores da economia vai se basear nesse indicador, em especial, enquanto não houver testagem em massa

Foto: Ricardo Giusti/CP

O prefeito Nelson Marchezan Jr. considera, com base em dados como a ocupação de leitos de UTI, o número de óbitos e total de casos confirmados de Covid-19, que Porto Alegre “tomou a decisão certa” e “no prazo certo”, em relação a medidas de isolamento social que fecharam escolas, comércio e serviços, como bares e restaurantes. “A princípio, pelas evidências de curto prazo que temos, parece que estamos no caminho adequado”, define. Na noite de hoje, as UTIs da cidade tinham 30 pacientes internados com diagnóstico confirmado de Covid-19 e mais 23 com suspeita da doença, aguardando o laudo do teste. Das 400 pessoas que se infectaram em Porto Alegre, 184 já se curaram, conforme a Secretaria Municipal da Saúde.

Em entrevista para o Correio do Povo, Marchezan reiterou que, diariamente, as equipes da Prefeitura colhem referências e fazem comparações com outras capitais do Brasil e outras cidades do mundo. Segundo ele, o número de pessoas contaminadas é uma referência que perde importância como dado de decisão quando não há testagem suficiente. “Não testamos o número de positivos, não pode ser uma grande referência, se tudo der certo, chegaremos lá, mas ainda não é a nossa realidade”, explica.

Outro dado citado pelo prefeito é a evolução no número de óbitos em função da doença. “Se formos comparar do primeiro óbito ao número atual (10, até a tarde de terça-feira), estamos melhores do que quase todas as capitais do País”, exemplifica. O terceiro indicador que, conforme Marchezan atualmente é o mais importante, é a taxa de ocupação dos leitos de UTI. “O limitador entre a pessoa estar contaminada e a morte é o atendimento, que é bastante direcionado para a UTI”, ressalta.

De acordo com Marchezan, a ocupação dos leitos de UTI com casos confirmados da Covid-19 começou de forma acelerada, mas ocorreu uma diminuição da curva no período intermediário. O prefeito observa que, nos últimos 10 dias, o número de leitos ocupados com pacientes diagnosticados com o novo coronavírus se estabilizou. “Isso também, dentro desse curto prazo, para nós, é uma evidência de que tomamos a medida de isolamento no tempo certo”, declara.

O que vem pela frente

As próximas decisões, segundo Marchezan, serão delicadas: “Na prática o que temos visto é que o isolamento é recomendado e eficaz, mas agora começamos a verificar a possibilidade de organizar a liberação de algumas atividades, que vão gerar um contato maior entre as pessoas e provavelmente um contágio um pouco maior também”, admite.

Marchezan reitera que está no mapa da Prefeitura a liberação gradual de algumas atividades econômicas, apesar de não especificar quais. “A gente vai de alguma forma tentar fazer uma mediação e manter o controle sobre o número de óbitos, de casos confirmados, mas enquanto não tivermos um volume de testes suficiente, a principal referência é o número de UTIs ocupadas”, comenta.

Até o momento não há um prazo para que a liberação comece mas, segundo Marchezan, as equipes da Prefeitura discutem as possibilidades. “O monitoramento é diário. A ideia é que, nos próximos dias, a gente comece a pensar em liberações, vai ser algo cauteloso, combinado, devagar. É evidente que algumas atividades deverão ficar na expectativa”, antecipa.

Todas as ações, conforme Marchezan, terão reflexo 15 dias mais tarde. “Se realmente o vírus se espalha com a velocidade que se espalhou em outras cidades no mundo, é um tempo que não se recupera tão fácil e esse tempo pode significar vidas. Por isso os erros e os acertos, a partir de agora, devem ser pequenos, para que nós tenhamos consequências pequenas também”, explica.

Apesar de a possibilidade de liberação gradual das atividades já estar sendo avaliada pela Prefeitura, Marchezan destaca que é preciso que as pessoas entendam que o vírus deve continuar circulando no País por um tempo considerável. “É importante que todos comecem a entender que o vírus vai continuar por aqui, as pessoas acima de 60 anos vão continuar sendo mais vulneráveis aos efeitos, por exemplo”.