Mandetta: ‘Vamos ficar e enfrentar nosso pior inimigo, o coronavírus’

Ministro voltou a defender o isolamento social, reafirmou que "médico não abandona paciente" e disse que número de casos está "dentro do esperado"

Foto: Isác Nóbrega / ABr

Em meio a rumores de demissão, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta segunda-feira que permanece na Pasta para enfrentar o coronavírus, que ele classificou como “o pior inimigo”.

“Médico não abandona paciente. Eu não vou abandonar”, reafirmou ele ao mencionar o compromisso na luta contra o vírus.

A permanência dele à frente da pasta era questionada depois de críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro. Hoje o presidente se reuniu com ministros para discutir o futuro das ações do governo no enfrentamento à pandemia.

“A movimentação social é tudo o que esse vírus que é o nosso inimigo quer”, destacou Mandetta ao defender mais uma vez a manutenção do isolamento social.

“O momento é de cautela, de proteção e distanciamento social. Isso que vocês passaram não é quarentena, nem lockdown. Quarentena e lockdown é muito pior que isso”, observou o ministro. “Estamos em fase de distanciamento social. Pessoa pode fazer caminhada, não precisa ficar trancada, mas não pode aglomerar. A gente está conseguindo ter um número de casos relativamente controlado. Não vamos deixar que a cidade A, B ou C vá fazer o movimento exponencialmente pra cima”, defendeu.

Ao comentar sobre as 553 mortes e os 12.056 casos confirmados de coronavírus no Brasil até o momento, Mandetta afirmou que os números estão “dentro do que se imaginou”.

Mandetta também contou ter encarado um dia “emocionalmente muito duro” diante dos rumores de demissão e revelou que ao voltar da reunião ministerial que teve com Bolsonaro encontrou “gente limpando gaveta e pegando as coisas” ao imaginar que ele corria risco de demissão. “Hoje foi um dia que rendeu muito pouco aqui no ministério. Ficou todo mundo coma cabeça avoada”, relatou.

O ministro afirmou que, diante da tarefa de combate à pandemia é importante ter um bom ambiente de trabalho e condenou o que chamou de críticas não construtivas que vinha recebendo. “A única coisa é que tenhamos melhor ambiente para trabalhar no ministério. Esperamos que a gente possa possa ter paz.” O titular da pasta agradeceu à equipe, dizendo que ela entrou junta e vai sair junta. E afirmou que a reunião de hoje entre o presidente e ministros “reposicionou” o governo “no sentido de ter mais foco”.

Reposicionamento

O reposicionamento citado pelo ministro se refere a mudança nas orientações do ministério, que passa a trabalhar com dois tipos de distanciamento social: o ampliado e o seletivo. O primeiro é o que vem sendo realizado pelos estados, enquanto o segundo envolve uma abertura maior a atividades econômicas e circulação de pessoas abaixo de 60 anos desde que não apresentem sintomas de Covid-19.

Pelas novas recomendações, as cidades ou estados que tenham pelo menos 50% dos leitos vagos poderão adotar um modelo de distanciamento seletivo a partir da próxima segunda-feira. Essa alternativa não vale para unidades federativas com alto índice de incidência de casos por 100.000 habitantes, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Amazonas e Distrito Federal.

Para fazer essa transição, vai ser necessário um acompanhamento ágil dos leitos e equipamentos, admitiu Mandetta. A equipe do Ministério da Saúde anunciou que, durante esta semana, vai fazer um recadastramento da situação das unidades de saúde nos estados para verificar a ocupação e as condições de cada um deles.