Irã divulga imagens mostrando explosão após queda de avião; Ucrânia adota cautela

Otan admite que Boeing "pode ter sido derrubado" 

Foto: Reprodução/YouTube

O Irã divulgou, nesta sexta-feira, imagens gravadas por câmeras de segurança em um subúrbio de Teerã mostrando o impacto e a explosão causados pela queda do Boeing 737-800, de origem ucraniana, na madrugada da última quarta. O acidente matou todas as 176 pessoas a bordo da aeronave.

No registro, é possível ver um clarão conforme o avião se aproxima do solo, objetos voando e em seguida uma grande explosão, antes que os destroços em chamas se espalhem pelo chão.

A divulgação das imagens é parte da estratégia do governo iraniano para demonstrar que não foram mísseis lançados pelo país que provocaram queda do avião.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que indícios apresentados pelo serviço de inteligência do país apontaram que a aeronave havia sido abatida por um míssil terra-ar da defesa antiaérea iraniana.

Já o jornal The New York Times publicou um vídeo mostrando um míssil atingindo o avião em pleno ar.

Ucrânia prefere cautela

A Ucrânia teve acesso às caixas-pretas do Boeing. O país mantém cautela sobre o que provocou a queda do avião. “Atualmente não dispomos de motivos suficientes para afirmar que entre os destroços do avião há algum tipo de substância que nos indique um atentado terrorista ou uma, digamos assim, catástrofe não natural”, disse nesta sexta o ministro das Relações Exteriores do país do leste europeu, Vadym Prystaiko, em entrevista coletiva.

Prystaiko ressaltou que o governo da Ucrânia “não descarta” nenhuma versão especulada, tanto a de uma falha técnica ou humana, uma explosão interna ou o impacto de um projétil, como denunciaram Estados Unidos e Canadá.

“Não estamos trabalhando com alguma das versões. Cogitamos todas as versões. Nosso principal objetivo é estabelecer todas as causas da tragédia da maneira mais justa e imparcial. E, se há culpados, encontrar os culpados”, declarou.

Prystaiko, que lembrou a queda de um avião malaio em 2014 com quase 300 pessoas a bordo na região de Donbass, anunciou planos para “criar uma coalizão internacional para investigar o incidente”.

Segundo o ministro, se ficar provado que “o avião foi abatido”, Kiev vai responsabilizar “todos os culpados” e exigir uma compensação financeira.

Prystaiko frisou que especialistas ucranianos já tiveram acesso às caixas-pretas do 737-800 e poderão analisar as conversas entre os pilotos e a torre de controle em Teerã.

O ministro admitiu que está conversando com as autoridades iranianas sobre o local onde as caixas-pretas serão analisadas e ressaltou que a Ucrânia quer que seja em seu próprio território, já que o avião pertencia a uma empresa do país.

Prystaiko também negou relatos de que o Irã não esteja colaborando com a Ucrânia para esclarecer as causas do desastre aéreo e lembrou que os destroços se espalharam “por uma grande região, incluindo uma área povoada”.

Otan admite que Boeing “pode ter sido derrubado” 

Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou nesta sexta que o avião ucraniano com 176 pessoas a bordo “pode ter sido derrubado” pelos sistemas de defesa aérea do Irã, e pediu uma “investigação exaustiva” com a cooperação do governo iraniano.

“Não temos razões para não acreditar nos relatórios que vimos de diferentes capitais de aliados da Otan. Expressaram preocupação com a informação de que o avião pode ter sido abatido pelos sistemas de defesa aérea iranianos”, disse o político norueguês ao chegar a uma reunião de ministros da União Europeia (UE) em Bruxelas.

Segundo Stoltenberg, “é exatamente por isso que é necessária uma investigação minuciosa, esclarecer todos os fatos e ter total cooperação do lado iraniano em tal investigação”.

Estados Unidos, Canadá, Holanda e Luxemburgo, todos membros da aliança, destacaram que o incidente envolvendo o voo 752 da Ukrainian International Airlines pode ter ocorrido devido ao disparo acidental de um míssil pelo Irã.

A queda do avião ocorreu poucas horas após o ataque lançado por Teerã contra duas bases no Iraque abrigando tropas americanas, uma retaliação ao assassinato do general iraniano Qasem Soleimani em operação dos EUA em Bagdá.