EUA x Irã: crise pode afetar preço de combustíveis, afirmam especialistas

Presidente Jair Bolsonaro já projetou impacto do ataque dos EUA contra o Irã no preço de combustíveis derivados do petróleo.

Diesel
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O ataque promovido pelos Estados Unidos, que acabou com a morte do general iraniano Qassem Soleimani, provocou uma disparada na cotação do petróleo. O barril do tipo brent, vendido na bolsa inglesa, e o americano, vendido em Nova Iorque, tiveram alta superior a 4% cada nesta sexta-feira. Como consequência, o preço de combustíveis deve subir no mundo todo.

No Brasil, o governo já projeta o impacto da crise no mercado. O presidente Jair Bolsonaro comentou a possibilidade em contato com jornalistas em frente ao Palácio do Alvorada. O chefe do Executivo deve se encontrar com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, para avaliar a ação militar dos EUA. Bolsonaro disse também que tentou telefonar mais cedo para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para tratar do impacto sobre o preço dos combustíveis. No entanto, o presidente não foi atendido.

Especialistas projetam impacto

O professor de Relações Internacionais Sidney Leite vê, no preço do petróleo, uma “arma política” para que o Irã possa retaliar o Ocidente. Para o especialista, que é pró-reitor do Centro Universitário Belas Artes, de São Paulo, a ação pode ser desastrosa para o mundo. “Lembremos da grande crise do petróleo, nos anos 70”, ressaltou. “Essa é, sem dúvida, uma das consequências deste ato (…), uma ação absolutamente desastrosa”, completou Leite.

O economista Tiarajú Alves de Freitas, especialista em combustíveis, também analisou o impacto do ataque americano nas bolsas de valores e nas bombas de postos. Para o professor da Universidade Federal do Rio Grande, a alta motivada pela crise entre EUA e Irã se soma a outros fatores, como o valor do ICMS no Estado. “É um evento em cadeia, como se fosse um dominó, com notícias negativas para nós no Rio Grande do Sul”, sustentou. “Isso repercute direto no orçamento das famílias”, prosseguiu Freitas, citando o consumo de combustível em veículos particulares, em transporte público e no transporte de cargas.

O preço de combustíveis derivados do petróleo já havia subido em setembro de 2019, após os ataques contra duas instalações petroleiras da Arábia Saudita. Na ocasião, as unidades reduziram brevemente à metade sua produção de óleo cru.