Após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, declarar que as universidades federais abrigam plantações de maconha e laboratórios de metanfetamina, instituições de todo o país demonstraram indignação com a fala. Para a vice-reitora da Ufrgs, Jane Tutikian, o governo escolheu um inimigo, e “e esse inimigo é a universidade pública”. A professora ressalta que há alegação de que as universidades são formadas por comunistas, o que demonstra “que eles não conhecem a educação, não conhecem a constituição e a história das universidades.”
“Não existe na Ufrgs plantação de maconha, nós não produzimos drogas em laboratórios”, disse, “mas eu posso te dizer que nós pesquisamos e somos detentores dos royalties de toda aveia que é plantada e exportada no Brasil.” Além disso, a docente também falou sobre a questão da autonomia das universidades brasileiras: “é lamentável que isso aconteça nesse momento, e a autonomia é garantida em lei, ela faz parte da essência da universidade.”
Especificamente sobre as denúncias de plantações de maconha, Jane rebateu que “o que nós plantamos, e estão todos convidados a conhecer mais de perto, é conhecimento, é desenvolvimento e justiça social. Tenho muita tranquilidade em dizer que as declarações não refletem a realidade das universidades brasileiras”, declarou.
A vice-reitora ainda alertou para a saúde financeira da instituição. Após a liberação de R$ 1,1 bi por parte do governo para as universidades, as reitorias conseguiram fechar o ano, mas ainda há déficit de pelo menos R$ 15 milhões. “E lá (2020) teremos um problema muito grande, pois a verba de custeio será a mesma de 2019, e o custo será maior. Estamos prevendo que teremos o mesmo problema deste ano. O capital foi liberado, mas ele representa 50% de antes, do governo Temer”, finalizou.
O que disse o ministro
A declaração do ministro foi dada ao Jornal da Cidade Online ainda na última sexta-feira. No trecho em questão, Abraham disse o seguinte: “você tem plantações de maconha, mas não são três pés de maconha, são plantações extensivas de algumas universidades, a ponto de ter borrifador de agrotóxico. Porque orgânico é bom contra a soja para não ter agroindústria no Brasil, mas na maconha deles eles querem toda tecnologia a disposição (…) você pega laboratórios de química – uma faculdade de química não era um centro de doutrinação – desenvolvendo drogas sintéticas, metanfetamina, e a polícia não pode entrar nos campi”.
