O Brasil recebeu, durante a semana, lideranças de Rússia, Índia, China e África do Sul em um seminário do bloco econômico que reúne os países, o Brics. O presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o chinês Xi Jinping e falou em estreitar os laços com os asiáticos. Na economia, o ministro Paulo Guedes sugeriu a criação de uma área de livre comércio entre Brasil e China.
O Rio Grande do Sul abriga uma das principais cadeias industriais que compete com o mercado chinês. O setor do calçado, com polo fabril no Vale do Sinos, sofre com a produção em larga escala e a custos baixos da China. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados disse ser difícil estimar em números o impacto de um acordo de livre comércio na economia. No entanto, Haroldo Ferreira fala no risco de destruição da indústria nacional. “Não é um percentual de redução, porque a Ásia como um todo é mais competitiva que o Brasil, não pela questão do parque fabril, e sim por uma questão tributária e de câmbio”, apontou o representante da Abicalçados.
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul acompanha a situação do mercado coureiro por meio de uma frente parlamentar. O deputado estadual Dalciso Oliveira (PSB) é egresso do comércio e da indústria calçadista. O parlamentar cobrou uma maior proteção da economia brasileira, por parte do ministro Paulo Guedes, nos mesmos moldes da política adotada pelos Estados Unidos. “Sem essa proteção, não tem como concorrer com o produto chinês”, pontuou. “Eu tenho convicção de que uma abertura de mercado, neste momento, poderia sinalizar o fim da indústria calçadista do Rio Grande do Sul e do Brasil”, concluiu Oliveira.
Em todo o Brasil, a indústria do calçado empregava 279 mil pessoas em 7,1 mil estabelecimentos no ano de 2017. Um terço da mão-de-obra e um terço das fábricas fica no Rio Grande do Sul.