Senadora da oposição declara-se presidente da Bolívia

Jeanine Áñez anunciou que decidiu "assumir imediatamente" em função de situação de vacância deixada pelo ex-presidente Evo Morales

Foto: Reprodução/Facebook

A senadora Jeanine Áñez, do partido oposicionista Unidad Demócrata, declarou-se hoje presidente da Bolívia. O anúncio ocorreu mesmo com a bancada do Movimento ao Socialismo, legenda liderada pelo ex-presidente Evo Morales, ausente em plenário. Durante o discurso, a parlamentar anunciou que vai convocar novas eleições.

Morales chegou nesta terça-feira ao México, país que lhe concedeu asilo político após a renúncia à Presidência da República, na tarde de domingo.

Jeanine Áñez anunciou que decidiu “assumir imediatamente” o cargo, sob o status de líder do Senado, ao considerar que o país vivia uma situação de vacância, devido à renúncia do ex-chefe de Estado e do vice-presidente, Álvaro García Linera.

Também renunciaram aos cargos os presidentes do Senado e da Câmara e o primeiro vice-presidente do Senado. Como segunda vice-presidente da Casa, Jeanine Añez entendeu que cabia a ela assumir o posto deixado vago.

Brasil reconhece decisão

No Brasil, o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o País reconhece a senadora como legítima presidente interina da Bolívia.

“Foi declarada vaga a Presidência e ela assumiu a Presidência do Senado. E assume constitucionalmente a Presidência. Então essa é nossa percepção, de que a Constituição boliviana está sendo seguida”, afirmou o chanceler

Protestos se mantém e quarta morte é confirmada

A renúncia e o exílio de Evo Morales no México não foram suficientes para pacificar a Bolívia, que segue registrando confrontos de rua entre apoiadores do ex-presidente e forças policiais e militares.

Nesta terça, um coronel da Polícia Boliviana morreu em um acidente provocado pelo bloqueio de estradas entre a cidade de El Alto, reduto pró-Evo, e a capital, La Paz. Oficialmente, quatro pessoas morreram em função dos confrontos desde a eleição de 20 de outubro, que levantou suspeitas de fraude.

Apesar da ostensiva presença da polícia e das Forças Armadas, milhares de pessoas marcharam hoje em La Paz e Cochambaba. Em vários pontos, as forças policiais tentaram dispersar os manifestantes com bombas e gás lacrimogêneo.