Evo Morales chega ao México e denuncia golpe de Estado na Bolívia

Ex-presidente acusou opositores de oferecer 50 mil dólares em troca de informações sobre o paradeiro dele

Evo Morales renunciou após pressão de militares | Foto: Divulgação/Wikimedia/Kilobug
Foto: Divulgação/Wikimedia/Kilobug

O avião das Forças Armadas mexicanas, que levou Evo Morales da Bolívia à Cidade do México, pousou às 14h20min de hoje (horário de Brasília). Ele chegou acompanhado do vice, Álvaro García Linera, que também renunciou ao mandato no último domingo, além de representantes do corpo diplomático mexicano.

O chanceler do México, Marcelo Ebrard, recebeu o ex-presidente boliviano na porta da aeronave. Morales acenou para a imprensa, desceu as escadas do avião, ajeitou os cadarços do sapato e se dirigiu aos jornalistas, onde realizou o primeiro pronunciamento em solo mexicano.

“Saudações, irmãos, agradeço a toda a delegação que nos acompanhou. Estamos com Álvaro García Linera. Após a vitória em primeiro turno, começou o golpe de Estado. Estamos há exatamente três semanas e, na última etapa, infelizmente, a polícia nacional se somou ao golpe. Queimaram tribunais eleitorais, atas, cédulas, sedes sindicais, casas de autoridades do MAS (Movimiento al Socialista, partido de Morales), saquearam e queimaram a casa da minha irmã, a minha casa em Cochabamba. Tentaram saquear minha casa, mas os vizinhos me defenderam. Muito obrigado, sou grato à defesa do povo”, afirmou Morales, em tom aparentemente sereno.

O ex-presidente da Bolívia afirmou ainda que pediu a toda a população boliviana que colabore para que não haja mais derramamento de sangue. E agradeceu ao presidente do México, que “me salvou a vida”. Segundo Evo Morales, no último dia 9, sábado, quando chegou a Cochabamba, um membro do Exército mostrou mensagens e chamadas com um pedido para “entregá-lo em troca de 50 mil dólares”.

Morales ainda afirmou que vai continuar na política. “Chegamos aqui seguros graças ao México e suas autoridades. Enquanto eu estiver vivo, seguimos na política”. “Meu pecado é que ideologicamente somos anti-imperialistas. Não vou mudar ideologicamente”, completou.