PF abre inquérito sobre depoimento de porteiro no caso Marielle

Há 602 dias vereadora e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em circunstâncias que ainda não se esclareceram

Foto: Renan Olaz / CMRJ / CP Memória

A Polícia Federal atendeu pedido do Ministério Público Federal (MPF) e abriu inquérito, nesta quarta-feira, para investigar o depoimento prestado pelo porteiro do condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio de Janeiro, que envolveu o nome do presidente Jair Bolsonaro nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.

A PF atendeu o ofício enviado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Em nota, a Procuradoria indicou que só vai se manifestar de forma conclusiva após o fim das investigações. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Há 602 dias Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados em circunstâncias que ainda não se esclareceram completamente. No último dia 30, o procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou ao MPF o ofício assinado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, que pedia a abertura de um inquérito para apurar se houve “tentativa de envolvimento indevido” do nome do presidente na investigação do caso Marielle.

No mesmo dia, Aras disse que já havia sido notificado sobre a citação ao nome do presidente no caso, mas que não viu elementos suficientes para prosseguir investigando.

No documento, o ministro da Justiça apontou uma suposta inconsistência no depoimento do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra – onde o presidente residia na época do crime – que “sugere possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro”.

Segundo reportagem exibida no Jornal Nacional, da TV Globo, o funcionário afirmou à Polícia Civil que, às 17h10min de 14 de março de 2018 (horas antes do crime), um homem chamado Elcio (supostamente Elcio Queiroz, um dos acusados pelo duplo homicídio) entrou no condomínio dirigindo um Renault Logan prata e afirmou que pretendia ir à casa 58, onde Jair Bolsonaro vivia, antes de ser eleito. Ronnie Lessa, outro acusado pelo crime, era vizinho dele. Então deputado, o hoje presidente cumpria expediente em Brasília nesse dia, conforme os registros da Câmara.

Em setembro, a então a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que o caso passe a ser conduzido em âmbito federal, o que ainda vai ser analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) até o fim do ano. O motivo é a suposta tentativa de interferência, no inquérito, que tramita sob sigilo, por pessoas detentoras de foro privilegiado.