Vereadores divergem sobre ordem dos temas de CPI contra Marchezan

Oposição reclamou que base quer atrasar CPI, enquanto base reclamou que oposição quer acelerar os trabalhos na Câmara.

Vereadores discutiram sobre ordem dos temas que serão discutidos na CPI
Foto: Leonardo Contursi/CMPA

Divergências marcaram a reunião da CPI que investiga supostas irregularidades na atual gestão da Prefeitura de Porto Alegre. O processo se baseia em três denúncias que compuseram o último pedido de impeachment contra Nelson Marchezan Júnior (PSDB). Uma trata dos critérios de seleção de servidores em cargo de comissão (CC) via Banco de Talentos; outra refere-se às relações da administração com o empresário Michel Costa; por fim, há dúvidas sobre o contrato de aluguel de um prédio que abriga a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Com três objetos na denúncia, os vereadores membros da comissão debateram qual deve ser o foco do grupo na largada das investigações. A decisão influencia a escolha das testemunhas que vão prestar depoimento à Câmara Municipal. O relator da CPI, vereador Wambert Di Lorenzo (PROS), defendeu uma análise separada dos temas. “Para que o relatório possa ter consistência e racionalidade”, justificou.

Protesto contra demora

A tese do relator dividiu a reunião. Vereadores de oposição e críticos ao governo viram na proposta uma tentativa de atrasar o processo. O presidente da CPI contra Marchezan defendeu que as investigações sejam céleres. Reconhecendo que a comissão andou mais devagar nesta semana, Roberto Robaina (PSOL) acusou a base de Marchezan de retardar os trabalhos na Câmara. “O governo tem uma linha de obstrução da CPI”, protestou.

A tese de Robaina foi sustentada por Ricardo Gomes (PP), Felipe Camozzato (Novo), Marcio Bins Ely (PDT) e por Adeli Sell (PT). O petista, inclusive, foi um dos nomes mais exaltados, ao lado de Reginaldo Pujol (Dem), que defendia a sugestão da base do governo. Os dois vereadores chegaram a levantar a voz em uma discussão mais acalorada entre si.

Protesto contra aceleração

Servidores do Instituto de Estratégia de Saúde da Família, em paralisação contra decisões recentes da Prefeitura, acompanharam a reunião na Câmara. Para o vice-líder do governo, a presença dos grevistas foi articulada para pressionar os trabalhos da CPI contra Marchezan. Segundo Moisés Barboza (PSDB), a oposição tentou “atropelar” o processo. “Mais pela questão do aproveitamento de que as galerias estavam cheias para fazer a antecipação do debate eleitoral do ano que se aproxima”, avaliou.

Vereadores alinhados a Marchezan protocolaram pedidos de oitivas com testemunhas do caso do aluguel do prédio que abriga a secretaria. A denúncia é considerada a menos grave entre as três investigadas na Câmara. Já os vereadores que se opõem ao governo sugeriram a abertura dos depoimentos com o caso do Banco de Talentos.