Imesf: Secretaria da Saúde cancela reunião com sindicatos após greve ser retomada

Pasta apurou que 13 das 77 unidades de saúde onde há trabalhadores do Imesf compondo os quadro de pessoal tiveram atendimento afetado durante toda a quarta-feira

Foto: Guilherme Kepler / Especial CP

A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre confirmou que vai cancelar a reunião marcada para a próxima terça-feira, em que o secretário Pablo Stürmer previa receber representantes de sindicatos de trabalhadores ligados ao Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf). De acordo com a Pasta, a decisão decorre do não cumprimento de prazos legais para o alerta de retomada da greve e da desassistência causada à população, nesta quarta feira. A SMS também criticou o anúncio de continuidade da paralisação, apesar de a reunião ter sido agendada.

A Secretaria garante, ainda, que o ofício comunicando mais três dias de greve (repetindo o que já havia ocorrido na semana passada) chegou na tarde de segunda-feira, abaixo do prazo mínimo de 48 horas de antecedência previsto em lei. A Pasta apurou que 13 das 77 unidades de saúde onde há trabalhadores do Imesf compondo os quadro de pessoal tiveram atendimento afetado durante toda a quarta-feira. Foram dez unidades de saúde totalmente fechadas e três com atendimento parcial. Com isso, um número potencialmente estimado em 70 mil pessoas teve o serviço de saúde prejudicado. Diante do quadro, a Secretaria emite, no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa) desta quinta, convocação para que os profissionais retornem aos postos de trabalho.

Entenda

Com mais de 1,8 mil trabalhadores, o Imesf existe, desde 2011, após a Câmara de Porto Alegre ter aprovado o projeto da Prefeitura, criando uma fundação pública de direito privado para gerir a estratégia de saúde da família. À época, o Conselho Municipal de Saúde alertou para a inconstitucionalidade da medida.

Oito anos depois, o Supremo Tribunal Federal endossou esse entendimento, ao julgar um processo que 11 representações sindicais moveram contra o formato do Instituto, que paga salários menores em relação aos de servidores públicos concursados da área da Saúde.

As entidades de classe entendem que, apesar da troca de governo, a Prefeitura de Porto Alegre não buscou soluções viáveis para a questão em tempo hábil.

Semanas atrás, o prefeito Nelson Marchezan Jr. anunciou a extinção do Instituto em função da decisão da ministra Rosa Weber, que tornou a lei de 2011 inconstitucional. A ideia da Prefeitura é firmar uma parceria com uma organização social que assuma, em caráter emergencial, a gestão de pessoal hoje a cargo do Imesf. De acordo com o Executivo, o plano é ampliar e qualificar o atendimento na atenção primária do município.

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