Ações do Banrisul: governo defende procedimento em audiência na Assembleia

Secretário da Fazenda foi o primeiro membro do governo a comparecer à Assembleia para tratar da venda de ações do Banrisul

Banrisul aguarda fechamento da folha do 13º, por parte da Secretaria da Fazenda | Foto: Alina Souza/CP
Foto: Alina Souza/CP

Pela primeira vez, o governo do Estado prestou esclarecimentos à Assembleia Legislativa sobre a venda de ações do Banrisul. O Palácio Piratini e o banco não comentavam o caso, alegando a exigência de sigilo por parte do mercado financeiro. A operação foi cancelada na última semana. Na quinta-feira (19), o governador Eduardo Leite culpou o cenário de especulações para a queda do preço dos papéis. A mesma argumentação foi repetida pelo secretário da Fazenda em audiência realizada nesta quarta-feira na Assembleia.

Explicações na Assembleia

Marco Aurélio Cardoso respondeu a dúvidas de deputados estaduais na Comissão de Economia do Legislativo. O secretário defendeu o procedimento, frisando que o Banrisul foi ao mercado com uma oferta de qualidade e num bom momento para negócios. No entanto, a crise do Rio Grande do Sul teria influenciado possíveis compradores das ações do banco, que baixaram os preços por quota. Cardoso avalia que o mercado fez “uma aposta de que, eventualmente, essa situação [a crise] levaria que o estado fosse mais flexível no preço das ações”.

As explicações do secretário da Fazenda não convenceram alguns deputados presentes na reunião. Marco Aurélio Cardoso foi inquirido pelos deputados Fábio Ostermann (Novo), Fernando Marroni (PT) e Sebastião Melo (MDB). Para Melo, o secretário da Fazenda não levou novidades à Assembleia. “Ele cumpriu um calendário”, avaliou o emedebista. “O mercado estava extraordinário, mas não deu certo”, completou Melo, sobre o cenário exposto por Cardoso.

Questionado sobre o custo do procedimento, Marco Aurélio Cardoso não soube responder o valor com exatidão. No entanto, o secretário afirmou que o teto de gastos com advogados e viagens é de R$ 7 milhões de reais. O reembolso será custeado pelo governo do Estado.

Privatização do Banrisul

O secretário da Fazenda reafirmou que a privatização do banco não é cogitada pelo governo de Eduardo Leite. No entanto, tramita na Assembleia uma proposta de extinção da necessidade de plebiscito para a venda de estatais – o Banrisul, entre elas. O texto é de autoria do deputado Sérgio Turra (PP), aliado do Piratini. Sebastião Melo criticou a proposta, dizendo que a iniciativa pode ser vista como uma forma de transferir a responsabilidade do Executivo para o Legislativo. Presente no encontro, o presidente do Sindicato dos Bancários, Everton Gimenis, sinalizou ao que seria uma estratégia de retirar, do governo do Estado, o ônus de uma possível privatização.