Caso Ágatha: Governo lamenta morte, mas Witzel mantém silêncio

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ministro do STF Gilmar Mendes comentaram o caso

Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Em meio a protestos de moradores do Complexo do Alemão e à crescente pressão nas redes sociais, o governo do Rio de Janeiro emitiu, na tarde deste domingo, uma nota de pesar sobre a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix. A criança tinha 8 anos e foi atingida por um tiro de fuzil no Complexo do Alemão na noite de sexta-feira. Até a tarde de hoje, o governador Wilson Witzel (PSC) não havia se manifestado. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Diversas autoridades políticas, entre elas o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, postaram manifestações sobre o assunto.

No texto publicado no Twitter, que não leva assinatura, o governo salienta que a Polícia Militar do RJ abriu um procedimento para apurar a ação policial. “O Governo do Estado lamenta profundamente a morte da menina Agatha, assim como a de todas as vítimas inocentes, durante ações policiais”, cita a nota.

Versões

De acordo com o governo, criminosos fizeram ataques simultâneos em diversas localidades do Complexo do Alemão na noite de sexta-feira, o que levou os policiais da UPP Fazendinha revidarem.

A versão é contestada pela família de Agatha, que negou ter havido confronto e relatou que os policiais atiraram contra uma motocicleta, atingindo Agatha dentro de uma Kombi em movimento.

Mesmo com a nota institucional do governo, cresce nas redes sociais uma cobrança por um posicionamento pessoal do governador Witzel. Neste domingo, ele tuitou duas vezes, uma parabenizando o município de São Gonçalo pelo aniversário de 129 anos e outra sobre o Dia Mundial Sem Carro.

Maia e Gilmar

Também no Twitter, o deputado Rodrigo Maia prestou solidariedade à família de Agatha. “Qualquer pai e mãe consegue se imaginar no lugar da família da Agatha e sabe o tamanho dessa dor. Expresso minha solidariedade aos familiares sabendo que não há palavra que diminua tamanho sofrimento”, disse. “É por isso que defendo uma avaliação muito cuidadosa e criteriosa sobre o excludente de ilicitude que está em discussão no Parlamento.”

O ministro Gilmar Mendes classificou o número de mortes resultantes de ações policiais nas favelas como “alarmantes”. Ele também chamou atenção para o número de crianças baleadas neste ano. “Uma política de segurança pública eficiente deve se pautar pelo respeito à dignidade e à vida humana”, afirmou.