Eduardo Leite: “especulações” provocaram queda no preço de ações do Banrisul

Governador reclamou que especulações no mercado financeiro, na imprensa e na Assembleia Legislativa atrapalharam o negócio

Eduardo Leite reclamou que o debate sobre as ações do Banrisul foi contaminado por especulações
Eduardo Leite reclamou que o debate sobre as ações do Banrisul foi contaminado por especulações | Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

O Palácio Piratini se manifestou, no final da manhã desta quinta-feira, sobre o cancelamento da venda de ações do Banrisul. A operação não foi adiante em razão da queda no preço dos papéis. O governador do Estado avaliou que o processo não resistiu a “especulações” no mercado e na imprensa. Eduardo Leite reclamou que o debate foi contaminado, fazendo com que a crise do Rio Grande do Sul servisse como “oportunidade para especular”.

Em coletiva de imprensa, o governador defendeu a consistência da oferta. Eduardo Leite ainda rechaçou as acusações de que o processo tinha como objetivo cumprir promessas de campanha. “Ouvimos, muitas vezes, que o governo venderia na bacia das almas, venderia a qualquer preço, apenas para cumprir uma promessa”, afirmou. Leite disse que a questão “jamais foi cogitada” e que a venda de ações era uma “boa oportunidade de negócios”.

Crítica a “especulações”

O Piratini garantiu que o Executivo fará esclarecimentos sobre a operação aos deputados estaduais. Todavia, Eduardo Leite reclamou de supostos ataques que a venda de ações do Banrisul teria sofrido. Para o tucano, as especulações viriam Assembleia Legislativa, do mercado financeiro e da imprensa. Sem citar nomes, o governador fez menção a acionistas do banco que foram contrários à negociação. Um deles foi o ex-presidente do Banrisul Mateus Bandeira, que concorreu ao governo do Estado em 2018 pelo Partido Novo. “Pesquise-se quais são os interesses das pessoas que são consultadas como fonte, se elas têm ações do banco, se elas são interessadas em que o movimento seja de privatização”, disse aos jornalistas.

O governador também protestou ao que chamou de “exploração política” da venda de ações. Mais uma vez, sem nominar pessoas, Leite citou articulações de políticos com sindicatos. Na última semana, o presidente da Assembleia Legislativa recebeu entidades de classe para propor que os salários do funcionalismo fossem quitados com o dinheiro do Banrisul. O deputado Luís Augusto Lara é do PTB, mesmo partido do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior. Ao lembrar de uma história de infância, o chefe do Executivo insinuou que o negócio foi atrapalhado por movimentos como esse.

Salário dos servidores

Um dos destinos sugeridos para a verba oriunda da venda de ações era saldar o pagamento dos salários de servidores do Executivo. Eduardo Leite reconheceu a possibilidade, dizendo que a operação era uma das oportunidades para quitar a folha. No entanto, o governador garantiu que a operação não é a única alternativa para cumprir a promessa. “Era uma oportunidade, que deixa de ser possível, mas o estado lança mão de tantas outras iniciativas”, considerou.

Eduardo Leite ressaltou que o pagamento dos salários em dia é uma “obstinação” de seu mandato. O governador fez uma analogia da situação com o futebol, citando a final da Copa do Brasil. “Nós tínhamos uma partida em que a vitória poderia ser decisiva para o nosso time do Rio Grande do Sul. Agora, temos que ganhar fora de casa e dependemos de alguns resultados combinados”, comparou.

Eduardo Leite descartou a possibilidade de o Banrisul fazer nova oferta de ações a curto ou médio prazo. Ao ser questionado sobre se receava sofrer uma ação de improbidade caso levasse a cabo a venda por valor abaixo ou muito próximo do valor patrimonial das ações, o governador respondeu que não.