Alerta de gatilho: série Unbelievable e a história real da busca por um estuprador em série

Série começa contando a história de Marie Adler, uma jovem estuprada dentro de seu apartamento e o descaso da polícia, que não acreditou nela

Baseada em fatos reais, a série Unbelievable conta a história de Mari Adler e a busca por um estuprador./ Divulgação Netflix.
Baseada em fatos reais, a série Unbelievable conta a história de Mari Adler e a busca por um estuprador./ Divulgação Netflix.

A Netflix disponibilizou na sexta-feira, dia 13, os oito episódios de sua nova série: Unbelievable (Inacreditável). A produção é baseada em fatos reais e conta a história da adolescente Marie Adler.

A série Unbelievable é muito envolvente. Eu assisti seis episódios direto, depois precisei tomar um fôlego para concluir, no dia seguinte. Entretanto, eu não recomendaria para o público mais sensível. Apesar de não ter cenas explícitas, ela trabalha muito com as emoções e pode ativar gatilhos de violência sexual.

A série Unbelievable

Marie foi estuprada dentro de seu apartamento, no meio da noite, por um desconhecido que invadiu o local. Mas, a polícia não acreditou nela porque o estuprador não deixou evidências para trás.

Dando sequência a trama, a vida de Marie vira de cabeça para baixo. Ela é convencida pelos policiais a dizer que seu estupro foi uma invenção. Depois disso, seus amigos lhe viram as costas e outras consequências aparecem transformando sua vida.

Marie é uma jovem humilde, que vivem em uma espécie de abrigo, depois de ter passado por lares adotivos. Ou seja, não há ninguém para brigar por ela.

A história de Marie se mistura a de outras mulheres, mesmo que elas não se conheçam. Duas brilhantes detetives conseguem informações para unir os casos de estupro em que trabalham e chegam a uma conclusão: o estuprador escolhe mulheres solitárias em diferentes cidades do país. Ele age assim porque sabe que as delegacias não se comunicam. O modus operandi é o mesmo, mas uma coincidência fez com que as detetives ligassem os casos.

Stacy Galbraith e Edna Hendershot dão vida as detetives Karen Duvall e Grace Rasmussen./ Divulgação Netflix.

A busca por este estuprador em série é agoniante. O homem é doentio. Ele invade as casas, amarra as vítimas, as venda, comete o crime e depois exige que as mulheres tomem banho. Com isso, não resta DNA nos corpos delas. Como ele não deixa pistas, tudo vira uma possibilidade para encontrá-lo. Principalmente uma marca de nascença que ele possuí na perna esquerda.

O estuprador foi capturado em 2011. Ele é culpado por 28 casos de estupro e outras acusações. A pena dele foi de 327,5 anos de prisão na lei americana.

E Marie Adler?

Ao verem as fotos das vítimas em uma câmera que o estuprador roubou, as investigadoras não reconhecem uma: Marie Adler. Da mesma forma e com o mesmo cuidado, elas vão atrás da história da jovem. Por fim, descobrem que ela inclusive tinha sido acusada de denunciação caluniosa e respondia um processo por isso.

Os policiais que não acreditaram em Marie ficam perplexos ou constatarem que seu estupro foi real. Mari consegue um acordo com o município, recebe uma quantia em dinheiro, compra um carro e se muda, disposta a recomeçar.

A cena final é muito sutil e bonita. Ela liga para uma das investigadoras e agradece pelo trabalho. Mari se emociona ao dizer que volta a acreditar que existem pessoas boas no mundo.

Por fim, temos que ressaltar que a Netflix acertou em cheio na produção. Ela tratou assuntos delicados com mais cuidado do que em 13 Reasons Why, por exemplo.

É tão evidente as diferenças de tratamento de uma investigação de abuso sexual quando tratada por um investigador homem e depois por uma mulher. No segundo caso de estupro que aparece, a situação é a mesma: a palavra da vítima e nenhuma evidência. Porém, a detetive não desconfia, nem por um minuto, que a mulher esteja mentindo.