Pêssego de produção local faz parte da merenda escolar com tecnologia Embrapa

Foto: Paulo Lanzetta

A inclusão de pêssego procedente de produtores da região de Pelotas/RS como parte da merenda de escolas e creches do município de Pelotas faz parte do projeto de lei ordinária 4910/2019, aprovado no dia 21 de agosto, pela Câmara Municipal de Vereadores. Essa lei foi proposta com objetivo de valorizar os produtos da região, visto que o município é o principal produtor de pêssego processado do país. E as variedades desenvolvidas pela Embrapa contribuem com a produção regional, pois a Empresa, através dos seus programas de pesquisa, desenvolve cultivares para atender os objetivos dos produtores. Além disso, a introdução do pêssego na dieta escolar contribui para a promoção da segurança alimentar entre as crianças da rede pública de educação. Acompanhe a reportagem abaixo ou acesse em https://bit.ly/2k6ZioT

O projeto de lei

Este projeto de lei aprovado altera o artigo 1° da Lei 5.320/2007, o qual dispõe sobre a inclusão do pêssego na merenda escolar das creches e escolas do município de Pelotas. Com ele, os pêssegos e seus derivados, passam a ser preferencialmente oriundos de produtores do município. Esta lei foi proposta com objetivo de valorizar a produção regional de pêssego, que hoje, envolve cerca de 600 produtores – 1/3 dos agricultores da zona rural local –, e ocupa três mil hectares de terras. Com produção anual estimada entre 40 e 60 milhões de quilos de pêssegos por safra.

O vereador José Paulo Benemann, que protocolou esta lei, destaca duas das suas principais motivações. Segundo ele, a inclusão é importante para as crianças que passaram a ter o pêssego produzido localmente na merenda das escolas, em doses recomendadas pelos nutricionistas. A segunda motivação é a venda do pêssego para as escolas do município. “Essa parceria resulta em uma venda garantida para o produtor, tendo novos mercados e novas vendas, isso é uma grande motivação, além de valorizar a produção local, que abastece as indústrias de processamento com mais de 90% dos pêssegos enlatados para o país”, diz Benemann.

A produção de pêssego para as escolas

Essa ação estimula a valorização da produção regional e a aproximação do campo com a cidade, uma vez que para atender as 120 escolas municipais de Pelotas são necessários cerca de dois mil quilos do fruto processado e quatro mil quilos do pêssego in natura por semestre.

A nutricionista Maria Cristina Cardoso, do Setor de Alimentação Escolar da Prefeitura Municipal de Pelotas, diz que a inclusão do pêssego é importante porque é um produto local, com alto valor nutritivo, e as crianças apresentam boa aceitação da fruta. “O pêssego é apresentado tanto processado, em sucos ou conservas, como in natura, quando está no período de safra, e as crianças já estão acostumadas com o alimento”, diz a nutricionista.

“Essa é uma demanda bastante recente, mas os produtores estão bastante otimistas com a possibilidade de valorizar o produto que é daqui. E para nós é importante a questão da divulgação do pêssego produzido na região. O grande objetivo também que se oportuniza é a venda da fruta in natura na safra e na entressafra, quando a fruta não está disponível, incluindo o produto processado, como em sucos ou derivados do pêssego”, diz Mauro Scheunemann, presidente da Associação de Produtores de Pêssego da Região de Pelotas.

Variedades desenvolvidas pela Embrapa contribuem para a produção regional

Devido às condições de clima temperado, dias mais frios, que favorecem o desenvolvimento do pêssego, o estado do Rio Grande do Sul possui grande parte da área de pomares de pessegueiros do Brasil, principalmente na região de Pelotas/RS. Deste modo, para atender a demanda da produção regional, a Unidade de pesquisa conta com um vasto trabalho sobre o pessegueiro, gerando inovações tecnológicas à cultura.

Alguns desses trabalhos são desenvolvidos pelo Programa de Melhoramento Genético do Pêssego da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) que investe no desenvolvimento de cultivares que podem ser indicadas tanto para o consumo in natura como para a indústria. De acordo com a pesquisadora do programa, Maria do Carmo Raseira, 100% das cultivares para indústria e mais de 80% das cultivares para mesa são originárias da Embrapa. Cada uma delas atende a características de interesse comercial e de manejo, conforme a intenção do produtor.

Cultivares desenvolvidas pela pesquisa da Embrapa Clima Temperado:

• Pêssegos in natura

BRS Sonata, Barbosa, BRS Fascínio, BRS Kampai, BRS Mandinho, BRS Regalo, BRS Rubimel, BRS RubraMoore, Charme, Chimarrita, Chinoca, Chiripá, Coral, Della Nona, Marfim, Pampeano, Planalto, Premier.

• Pêssegos Indústria

Ágata, Ametista, Atenas, BRS Âmbar, BRS Bonão, BRS Citrino, BRS Libra, BRS Esmeralda, Jade, Jubileu, Olímpia, Santa Áurea, Turmalina e BRS Jaspe.

• Pêssegos Dupla Finalidade

Eldorado, Granada, Leonense, Maciel, Riograndense, Sensação.

Benefícios Nutricionais

Os estudos realizados pelo Núcleo de Alimentos da Embrapa Clima Temperado apontam que os pêssegos apresentam compostos essenciais para a saúde como vitaminas (A, C e do complexo B), minerais, fibras e compostos bioativos, incluindo compostos fenólicos, carotenoides e, em alguns casos, as antocianinas, que podem atuar como antioxidantes naturais, proporcionando efeitos benéficos à saúde.

O consumo do pêssego correlaciona-se com a menor prevalência de diabetes, obesidade e com a proteção cardiovascular, ou seja, quanto maior o consumo menor o risco de adquirir essas doenças. Segundo a pesquisadora Márcia Vizzotto essa fruta possui altos percentuais de água, baixo valor calórico e teores elevados de fibras. “A inclusão na merenda escolar, vai facilitar às crianças criarem o hbito de consumo do pêssego. Uma vez criado o hábito, ele fará parte da vida adulta, favorecendo uma dieta mais equilibrada e a qualidade de vida”, destacou Vizzotto.

Um ponto importante são os compostos bioativos encontrados em pêssegos in natura e também preservados, mesmo quando as frutas são processadas. “As frutas processadas devem ser consumidas com moderação, devido a quantidade de açúcar encontrada nos pêssegos enlatados”, lembra a pesquisadora.

Fonte: Embrapa Clima Temperado