Porto Alegre: vereador quer derrubar lei que determina abertura de show internacional com banda local

Felipe Camozzato (Novo) defende autonomia de empreendedores. Para produtor local, no entanto, a lei é ferramente de fomento à cultura

Foto: Divulgação/Arquivo

A lei que determina que a abertura de shows de grande porte em Porto Alegre deva ser feita por artistas locais pode ser derrubada. O vereador Felipe Camozzato (Novo) encaminhou, na última semana, projeto para revogar a lei, de 1998, sob a alegação de que não se pode determinar como um empreendedor deve ofertar um serviço. “É basicamente uma venda casada. Quem recebe uma liberação para abrir uma cafeteria é obrigado a vender também croissant… É praticamente como se a gente fizesse isso, mas no paralelo com os shows. É da autonomia do empreendedor decidir. Não deve ser obrigado”, defendeu Camozzato.

A obrigatoriedade é defendida por produtores locais por fomentar a cultura na cidade. Para Camozzato, no entanto, esse não é um dever do mercado. “Não é papel do mercado ficar fomentando A, B ou C. Quem fomenta o mercado é o consumidor escolhendo no que ele vai gastar seu dinheiro”, disse.

O músico e produtor Lucas Henke defende que projetos com inclusão de artistas locais – sendo do Rio Grande do Sul ou do Brasil – em shows internacionais, servem para estimular a cena musical, oportunizando a esses músicos a possibilidade de uma grande exposição e prospecção que extrapola os limites da cidade, do estado ou do país. “Não se pode olhar isso como empecilho para fazer uma produção. Quanto mais se fomenta a cultura local, mais público se ganha, e mais empatia com o público. Também consegue fazer a nossa cultura chegar o mais longe possível”, comentou Hanke.

A lei em vigor determina que todos os shows internacionais, com público superior a duas mil pessoas, que ocorrerem em Porto Alegre, devem contar com abertura de músicos da cidade. Organizadoras de eventos que não cumprem a determinação recebem multa correspondente a 10% do valor arrecadado pela bilheteria. Para o artista, a proposta de Camozzato é um retrocesso.

“É muito estranho entrar essa pauta. A pauta deve ser como fazer a cultura musical brasileira ter mais público, ter mais giro de artistas, e não tirar coisas”, lamentou Hanke.