O governo federal anunciou hoje, em evento no Palácio do Planalto, o lançamento de uma linha inédita de financiamento da casa própria, via Caixa Econômica Federal (CEF). A modalidade, que vale para imóveis novos e usados e entra em vigor na segunda-feira que vem, vai operar contratos habitacionais corrigidos pela inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais uma taxa fixa.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, havia adiantado a medida na semana passada, sem detalhes. Na tarde desta terça, no Planalto, Guimarães explicou que a nova linha, baseada no IPCA, vai adotar taxas reduzidas e utilizar a inflação oficial no lugar da Taxa Referencial (TR), definida pelo Banco Central e considerada de baixa previsibilidade.
A nova linha vai aplicar taxa de 4,95% do valor financiado, mais a correção do IPCA. O índice pode cair a 2,95% do valor financiado para quem tiver relações com o banco (ter conta corrente e apresentar baixo risco de inadimplência, por exemplo). Os valores serão corrigidos mensalmente, prestação a prestação, conforme o IPCA mais recente.
Já a linha de financiamento praticada atualmente prevê correção de TR + 9,75% do valor financiado. Esse índice pode cair até 8,5%, para clientes com relações com o banco.
Prestações menores
Guimarães disse que o valor da prestação do financiamento imobiliário pode ser reduzido até pela metade. “O que representa isso? Um imóvel de R$ 300 mil, que hoje você começa pagando R$ 3 mil, você baixa, com 4,95% de taxa, de R$ 3.168 para R$ 2 mil. Se você chegar a uma taxa de 2,95%, você chega a uma redução de 51% na prestação”.
Caso o cliente não queira financiar com base no IPCA, temendo um aumento muito grande na inflação no futuro, ele pode optar pela linha já usada. “Se o cliente tiver esse receio, ele pode continuar com TR. Exatamente por causa disso, um componente do IPCA mais volátil, que a gente reduziu tanto, para 4,95%”, disse o presidente da Caixa.
O presidente Jair Bolsonaro participou do evento e disse que a medida é um ganho para a sociedade como um todo, tanto para quem vai comprar, quanto para os setores imobiliário e da construção. “Isso é muito bem-vindo. E a sociedade toda ganha, todo mundo ganha. Vamos, na medida do possível, dando sinais que queremos fazer um Brasil melhor para todos”, afirmou.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, a medida deve favorecer o mercado. “A atualização por Índice de Preços estimula o apetite para esses agentes [financeiros] comprarem os papéis”, disse o dirigente, em nota.
Para Martins, a medida estimula a concorrência, trazendo dinheiro novo e abrindo caminho para que os custos para o crédito imobiliário diminuam. “O consumidor final vai poder pagar menos em prestações. A economia brasileira vai ter um mercado real em vez de um ‘mercado de apostas’”, disse.