Policiais federais criticam projeto do abuso de autoridade aprovado na Câmara

Presidente da Fenapef expôs preocupação com medida sobre uso de algemas em presos

Presidente da Fenapef, Luís Augusto Boudens criticou projeto aprovado na Câmara | Foto: Divulgação/Jovem Pan

A Federação Nacional dos Policiais Federais se manifestou contrária à aprovação do Projeto de Lei que tipifica os crimes de abuso de autoridade. Na avaliação da entidade, a matéria configura “um retrocesso” e tem a finalidade de intimidar agentes públicos responsáveis por investigações. O texto foi analisado pela Câmara dos Deputados no meio da semana após ter sido aprovado pelo Senado em junho. Para o presidente da Fenapef, Luís Augusto Boudens, o item que mais preocupa a categoria é a possível punição para o abuso na imposição do uso de algemas. “Ele [o projeto de lei] tem um aspecto prático de limitar a ação dos agentes do estado”, afirmou.

A Federação dos Policiais Federais espera que o presidente Jair Bolsonaro vete texto. “Este projeto vai minar, em vários aspectos, a proposta do governo, que é de intensificar o combate à corrupção e ao crime organizado”, explicou.

A entidade que reúne os policiais federais também analisou a tentativa de interferência do Palácio do Planalto no comando da PF no Rio de Janeiro. Durante a semana, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a substituição do superintendente da corporação no estado. O grupo é responsável pela investigação de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Bolsonaro reclamou da gestão e da produtividade do comando da Polícia Federal no Rio.

Luís Augusto Boudens avaliou a questão, dizendo que não houve interferência, uma vez que a mudança no comando já havia sido anunciada. “Ele [Bolsonaro] se antecipou em dar uma notícia e acabou cometendo um atropelo”, asseverou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais.

A Polícia Federal tem autonomia investigativa, mas é subordinada ao Ministério da Justiça e, por consequência, ao Poder Executivo. O diretor-geral da corporação é nomeado e demitido conforme a vontade do presidente da República.