Antecipação de receita não agravou crise de 2019, rebate ex-secretário de Sartori

Governador externou descontentamento com as dívidas herdadas da gestão passada

Ex-secretário da Fazenda, Luiz Antônio Bins. Foto: Divulgação / Governo do RS

Ex-secretário estadual da Fazenda na gestão de José Ivo Sartori, Luiz Antônio Bins rebateu, hoje, as críticas da atual administração de que a antecipação de receita efetuada pelo governo anterior tenha aprofundado a crise econômica e fiscal. Reiteradamente, o governador Eduardo Leite elenca a herança de dívidas como fator determinante para o aumento da dívida. O governador recorda ter pago os salários de dezembro, assim como o 13° parcelado, da gestão passada, que ainda antecipou R$ 700 milhões em receitas de 2019.

Bins disse que, no fim da gestão, recorda ter antecipado R$ 400 milhões de ICMS e mais R$ 300 mi oriundos de arrecadação do IPVA. O ex-secretário assegurou, porém, que, assim como a entrada de receita, despesas com previsão de quitação em janeiro foram pagas em dezembro. De acordo com ele, após 12 de janeiro, não existe “nenhum efeito em relação àquela antecipação no fluxo de 2019”.

Sobre o parcelamento de salários, Bins admitiu que a gestão temia o risco de “encontro de folhas”, o que, agora, se confirmou. No sexto mês do governo Leite, os vencimentos relativos a junho só foram quitados nessa quinta-feira, 8 de agosto.

O ex-secretário também comentou a promessa de campanha do atual governador, de colocar em dia os salários a partir de 2020. Conforme Bins, o governo só vai conseguir honrar a promessa se puder contar com receita extraordinária. Ele cita venda de ações do Banrisul, por exemplo, como uma alternativa de fôlego de caixa. “Com certeza, acredito que esse seja o caminho mais considerado pelo governo para cumprir com a promessa de campanha”, salientou.

Caso reverta a liminar que impede a venda das ações, o Tesouro pode arrecadar até R$ 2,2 bilhões, negociando 100 milhões de ações em valores cotados a R$ 22, por exemplo. O Estado detém cerca de 200 milhões de papéis e pretende colocar a venda a metade, sem perder o controle acionário do banco.